A Meta, dona do Instagram e do WhatsApp, anunciou nesta terça-feira (23) o seu novo modelo de inteligência artificial generativa Llama 3.1. Focado em gerar texto, a IA da Meta se sai melhor do que o ChatGPT em alguns testes de desempenho lógico e linguístico, segundo anúncio da big tech.
O Llama 3.1 é fluente em português, espanhol e outros idiomas e estará integrado ao pacote Meta AI, que oferece serviços de IA generativa nos apps da Meta -Facebook, Instagram e WhatsApp- e terá expansão para mais 22 países também nesta terça. O Brasil, porém, ficou fora deste último lançamento, "por incertezas regulatórias locais", diz a Meta.
O gigante das redes sociais enfrenta investigações de ANDP (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) pelo uso de dados do Instagram e do Facebook para desenvolver modelos de inteligência artificial generativa.
As autoridades apuram denúncia do Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) por suposta violações à Lei Geral de Proteção de Dados e ao Código de Defesa do Consumidor. Em 2 de julho, a ANPD expediu medida preventiva para impedir a big tech de usar dados dos usuários no treinamento de inteligências artificiais generativas e, no dia 10, negou recurso da empresa.
Assim, a Meta tinha até o último dia 15 para suspender no Brasil a política de privacidade, atualizada em 22 de maio, que incluía essa prática. Na ocasião da cautelar, a big tech havia afirmado que a decisão da ANPD "adiaria a chegada dos benefícios de IA generativa ao país".
O Meta AI passou a estar disponível, nesta terça, em 22 países, incluindo vizinhos da América latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. Em 6 de junho, o fundador da big tech, Mark Zuckerberg, havia afirmado que o pacote de IA generativa chegaria ao Brasil neste mês.
O executivo afirma esperar que o Meta AI ultrapasse o ChatGPT nos próximos meses, com o impulso das redes sociais, e "seja a plataforma de IA mais acessada do mundo nos próximos meses".
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Na Europa, onde a Meta também encontra dificuldades para justificar o uso de dados dos usuários de redes sociais para desenvolver modelos de inteligência artificial, a chegada do Meta AI também foi adiada.
Países com Meta AI disponível
Empresa afirma enfrentar "incertezas regulatórias" no Brasil e na Europa
- Estados Unidos
- Austrália
- Canadá
- Gana
- Jamaica
- Malawi
- Nova Zelândia
- Nigéria
- Paquistão
- Cingapura
- África do Sul
- Uganda
- Zâmbia
- Zimbábue
- Argentina
- Chile
- Colômbia
- Equador
- México
- Peru
- Camarões
- Índia
A Meta diz que continuará a trabalhar com as autoridades brasileiras para trazer a tecnologia ao Brasil.
Embora o Meta AI não esteja disponível no Brasil, o Llama 3.1 será lançado em todos os países do mundo. Por ter código aberto, o modelo pode ser baixado e executado na própria máquina. Assim, usuários brasileiros ainda podem fazer download do modelo para testá-lo e desenvolver aplicações.
Em carta publicada nesta terça, Zuckerberg diz acreditar que os modelos de código aberto, que podem ser editados e adaptados por outros programadores, ditarão o futuro da inteligência artificial, mais do que os concorrentes com código proprietário, como ChatGPT, da OpenAI, e Gemini, do Google.
"No ano passado, o Llama 2 era comparável apenas à geração anterior de inteligências artificiais generativas. Neste ano, o Llama 3 é competitivo com as tecnologias mais avançadas e lidera em algumas áreas", afirma Zuckerberg.
No anúncio, a Meta afirma que o Llama 3.1 405B é o modelo aberto mais capaz já criado. O serviço poderá ser acessado via nuvens e redes sociais parceiras, como Nvidia, Groq, Databricks, AWS, Google Cloud e Azure.
O cientista-chefe de IA da Meta Yann LeCun diz que programadores podem ajustar os parâmetros e o código do modelo de IA, para prepará-lo para diversas específicas. O modelo está disponível em versões com 405 bilhões, 70 bilhões e 8 bilhões de parâmetros, para permitir que os desenvolvedores usem o modelo na nuvem ou em smartphones, com menor poder de processamento.
Folhapress