Moradores das ilhas de Porto Alegre realizaram um protesto na BR-190 na tarde desta sexta-feira (19). O objetivo é cobrar do governo federal celeridade nas medidas de moradia digna após as enchentes que assolaram a Capital o restante do Estado em maio deste ano. O bairro Arquipélago foi um dos mais afetados e sofre frequentemente com as cheias, já que a cota de inundação é menor na região.
Os manifestantes subiram em uma passarela da rodovia e tinham faixas com palavras de ordem "ilhas vivem" e "chega de mentiras". Bruna Rios, uma das organizadoras e protestantes, explicou que o protesto reivindica estadia solidária e compra assistida. "O governo promete e não cumpre, queremos uma resposta, fomos enganados", reclamou.
Segundo ela, representantes das ilhas, do governo federal e do governo municipal se reuniram para debater o assunto, mas pouco foi feito. Bruna conta que o governo federal prometeu alterar a portaria que versa sobre o programa federal de compra assistida de moradia para que os residentes das ilhas pudessem ter acesso ao benefício sem necessidade de laudo. "Prometeram que nós, das ilhas, iriamos entrar na mancha vermelha da inundação e que não precisaríamos apresentar laudo, mas isso não foi cumprido, estão exigindo vistoria, mas as pessoas não conseguem nem voltar para casa", relatou.
Ela afirmou, ainda, que moradores da ilha estão tendo dificuldades de receber o programa de estadia solidária, que ajuda no pagamento de aluguel para quem foi afetado pelas enchentes. "Não aguentamos mais. Em menos de um ano, tivemos três enchentes e perdemos tudo dentro de casa. Não conseguimos nem voltar para as casas. O povo está indignado. O que vão fazer com quem mora nas ilhas?", questionou.
O secretário executivo do Ministério da Reconstrução do RS, Emanuel Hassen de Jesus, afirmou que não está sendo cobrado laudo técnico, de um engenheiro, por exemplo, mas apenas o cadastro, que deve ser feito pelas prefeituras das áreas atingidas, com os dados dos seus moradores. Ele afirmou também que não há necessidade de alteração na portaria. "É uma interpretação que se teve, não tiro a razão das famílias, o processo não tem a velocidade que gostaríamos, mas não está sendo exigido laudo técnico. Aquela área foi afetada, está em área de risco, a demanda é feita pela prefeitura".
"O que precisa ter é um cadastro mínimo, com informações dos moradores e uma foto da casa. O processo está em andamento, a prefeitura de Porto Alegre tem que dizer quem mora naquela região. Esse cadastro, inclusive, será usado para a escritura na compra do novo imóvel. Esse cadastro vai para o Ministério da Cidades, que libera a Caixa para disponibilizar a compra assistida ou os outros programas da Minha Casa Minha Vida", explicou. Ele afirmou que, até o momento, cerca de dez cidades enviaram plano de trabalho para o programa.
A reportagem contatou a prefeitura de Porto Alegre e aguarda retorno.