Uma eleição, dois vencedores. Embora confuso, este é o cenário que permeia a disputa pela reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) no dia seguinte à consulta à comunidade acadêmica, finalizada na noite da última segunda-feira (15). Isso porque, oficialmente, a Chapa 2 - composta por Ilma Simoni da Silva e Vladimir Nascimento - ficou em primeiro lugar. Porém, quando considerada a contagem paritária de votos, que foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consun), o grupo vencedor foi a Chapa 3, liderada por Marcia Barbosa e Pedro Costa.
Conforme divulgado no próprio site da Universidade, a consulta obedeceu ao art. 16, inciso III, da Lei nº 5.540/68, com a observância do peso de 70% (setenta por cento) para a manifestação do pessoal docente para a contagem dos votos e para a apuração da classificação dos candidatos, conforme decisão judicial proferida nos autos da Ação Popular nº 5026029-53.2024.4.04.7100.
Contudo, conforme o Jornal do Comércio já havia noticiado, antes da consulta à comunidade, as três chapas haviam realizado um acordo para que se respeitasse, de forma informal, o cálculo paritário, no qual o voto dos docentes, discentes e servidores possui o mesmo peso. A informação havia sido dada pelo presidente da Comissão de Consulta Informal (CCI), Gabriel Focking.
Agora, de acordo com o relato da integrante da Comissão de Consulta Informal (CCI), Mariane Quadros, após o processo eleitoral, a chapa 2 parece ter voltado atrás. De todo modo, ela celebra uma "participação histórica, principalmente dos estudantes e servidores", na votação.
"Havia um comprometimento entre todas as chapas para que se respeitasse a paridade, mas, depois das eleições, estamos vendo tanto a 2 quanto a 3 se declarando vencedoras. Não nos posicionaremos em relação a isso, porém aguardamos a avaliação do Consun e até mesmo da comunidade sobre este assunto", afirma.
A Chapa 1, que não foi eleita em ambos os cenários, se manifestou em suas redes sociais poucas horas após a divulgação dos resultados, reconhecendo a votação paritária e afirmando que "não admitirá golpes". "Reconhecemos e parabenizamos a vitória da Chapa 3. Reafirmamos nosso compromisso com a paridade como único resultado legítimo e vamos trabalhar para que o Consun respeite integralmente a consulta", afirmou o grupo em nota.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também se manifestou. O órgão, além de reconhecer a vitória da Chapa 3, acusa a chapa 1 de "se somar aos golpistas ao não aceitar o resultado paritário".
A partir de agora, o próximo passo na disputa pela reitoria da Universidade será dado na próxima sexta-feira (19), quando integrantes do Conselho Universitário formarão a lista tríplice, que posteriormente será enviada ao Ministério da Educação. Para este momento, as chapas 1 e 3, além do DCE e outras entidades ligadas à Ufrgs planejam um ato em frente ao local de votação, no Campus Central, a partir das 7h30min, para que se respeite a votação paritária.
No total, 17.636 integrantes da comunidade acadêmica participaram da consulta, sendo 13.027 estudantes, 2.611 docentes e 1.998 técnicos-administrativos. Ao todo, 43.851 pessoas estavam aptas a votar.
Em número brutos, a Chapa 3 foi quem teve mais votos, com 6.620. Destes, 4.975 foram de alunos, 989 de professores, e 656 de servidores. A Chapa 2, por sua vez, somou 5.087 votos, com 3.446 oriundos da comunidade discente, 1.198 da comunidade docente e outros 443 de técnicos-administrativos. Já a Chapa 1, escolhida por 5.690 membros da comunidade acadêmica, foi preferida por 4.420 estudantes, 874 servidores e 396 professores.