O governo do Estado inaugurou, nesta quinta-feira (11), o Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Vida, em Porto Alegre. A medida visa dar moradia a quem perdeu sua casa durante as enchentes de maio.
Participaram da entrega o governador Eduardo Leite, o vice-governador e coordenador do projeto, Gabriel Souza, e o secretário de Obras e Infraestrutura da Capital, André Flores, representando o prefeito Sebastião Melo, que não pôde comparecer na cerimônia.
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Localizado na Avenida Homero Guerreiro, no campo esportivo do Centro Humanístico Vida, esse é o segundo CHA aberto no Rio Grande do Sul. O primeiro, denominado Recomeço, foi aberto há uma semana, em Canoas, na Região Metropolitana.
Durante sua fala, o governador enalteceu a importância da obra, mas frisou que ainda falta muito a ser feito. "A gente assume o compromisso que isso não é o fim da jornada, apenas uma parte do caminho. Isso só acaba quando cada família estiver na sua casa permanente", afirma.
Ele ainda parabenizou a equipe que fez a montagem e organização do local. "É importante mencionar que dois pontos do serviço público são essenciais: capricho e carinho. Esse carinho está no fator humano. São pessoas e não números. Os números são importantes, mas não chegam perto da importância de cada ser humano", argumentou Leite.
Governador Eduardo Leite e Vice Gabriel Souza visitaram o refeitório do Centro Humanitário de Acolhimento (CHA).
THAYNÁ WEISSBACH/JC
A preparação do terreno e a montagem das estruturas começaram, respectivamente, em 7 e 17 de junho. O período entre o início das obras e a entrega do espaço durou pouco mais de um mês. "Há 45 dias, aonde está a brinquedoteca era a goleira do campo de futebol. Então foi um esforço rápido e coletivo para levantar essa estrutura. É uma obra de acolhimento', reforça o secretário André Flores.
Estrutura do Centro Vida
O Centro Humanitário de Acolhimento Vida possui 9 mil metros quadrados de área construída. Foram instaladas estruturas em tendas com 122 dormitórios, que possuem capacidade para acolher até 848 pessoas, além de tendas multiuso e auxiliares destinadas a diversos serviços.
Esses 122 dormitórios são distribuídos em quatro alas: grupos familiares, homens, mulheres e a ala LGBTQIA+, pensada como opção para as pessoas deste grupo que se sentirem vulneráveis em outros espaços.
Além disso, os banheiros são exclusivos para cada ala. No local, há também refeitório, lavanderia coletiva, berçário, fraldário, posto médico, policiamento 24h, ambientes multiuso e espaços para as crianças e de conectividade, onde os acolhidos poderão carregar seus telefones e acessar a internet.
O centro conta com serviços de água, saneamento, energia elétrica, wi-fi gratuita, assistência médica e social, atividades de integração e apoio psicológico, além de acompanhamento por psicopedagogos e pediatras especializados em desenvolvimento infantil para as crianças.
O centro conta com serviços de água, saneamento, energia elétrica, wi-fi gratuita, assistência médica e social, atividades de integração e apoio psicológico, além de acompanhamento por psicopedagogos e pediatras especializados em desenvolvimento infantil para as crianças.
O projeto contou a participação de diversas entidades. O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac financiou a instalação das estruturas, realizada pela empresa DMDL, e a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações (OIM) fará a gestão do centro.
Chegada das famílias
As famílias começaram a chegar no local já após a cerimônia de abertura, que contou com a presença de famílias dos bairros mais atingidos pela enchente, como o Humaitá, Sarandi e o Arquipélago. Essa chegada será de, em média, 60 pessoas por dia. A expectativa é chegar à lotação máxima até o final de julho.
As famílias das áreas mais afetadas pela enchente de maio participaram da cerimônia
THAYNÁ WEISSBACH/JC
É o caso da família de Fabiano Garcia. Junto com a esposa e as duas filhas, ele alugava uma residência que ficou completamente embaixo d'água no Sarandi. "A gente está sendo ajudado, precisamos agradecer por isso. Aqui teremos todo o apoio necessário. Não é mesma coisa que a nossa casa, mas já é uma grande melhora, acredito que não faltará nada", avalia.
Ele ainda mantém a esperança de que logo mais estará com a família em sua casa definitiva. "Enquanto isso não acontece, seremos gratos pelo que nós é oferecido. Já escolhemos um quartinho e fizemos a divisão do espaço. Minhas filhas ficarão no beliche e eu e minha esposa na cama de casal", descreve o pai de família.
A segurança 24 horas por dia é outro fator que traz alívio. "Enquanto estivermos trabalhando e as meninas não estiverem em horário escolar, ficarão aqui. Por ser um local seguro estamos mais tranquilos", comenta o morador do bairro Sarandi.