A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) avalia em reunião, nesta terça-feira (9), o ressarcimento de livros emprestados que foram extraviados nas enchentes de maio no Estado. De acordo com a diretora da Biblioteca Central, Letícia Strehl, cerca de 26 mil livros estão fora das bibliotecas da instituição no momento, mas não é possível dizer quantos podem ter sido afetados pelas cheias.
Um levantamento está sendo feito com formulário enviado para os alunos que estavam com livros emprestados durante as cheias. A ideia é que a ferramenta possibilite uma avaliação mais ampla por parte da instituição. A partir disso, os casos serão analisados e a universidade decidirá se irá reembolsar as bibliotecas com novos exemplares ou se exigirá a reposição por parte dos alunos e em quais casos.
Conforme Letícia, as diretrizes da universidade normalmente preveem a reposição pelos alunos quando o livro é extraviado. "Livros têm um valor comercial grande, mesmo quando a pessoa não teve culpa, ela se responsabiliza pelo empréstimo", ponderou. Apesar disso, ela considera que a situação atual das enchentes é atípica, fora do comum, e, por isso, a Biblioteca Central está buscando outras soluções junto à Pró-Reitoria de Planejamento e à Procuradoria da Ufrgs.
"Nesta terça-feira iremos nos reunir para ter definições mais específicas. A ideia é que alunos que não estavam em atraso e perderam tudo, inclusive os livros da biblioteca, possam ter ressarcimento da universidade se comprovada a causa do extravio pelas chuvas", disse. Ela ponderou, ainda, que a universidade está fazendo uma busca ativa pela regularização dos livros, uma vez que o estado de calamidade será vigente somente até o final do ano. "Estamos sensibilizando os alunos para que reportem logo a situação", considerou.
Na Escola de Administração da Ufrgs, que foi inundada, a diretora da Biblioteca Central afirmou que, em um breve levantamento, estima-se que 50% do acervo tenha se perdido. Nesse caso, a Ufrgs irá comprar os exemplares para o acervo.
Luana Hahn, estudante de Engenharia da Computação na federal, é moradora do bairro Sarandi, na Zona Norte, fortemente afetado pelas cheias, e teve um livro emprestado perdido na enchente. "Na minha casa medimos que a altura da água foi de 1,60m. O livro estava sobre a bancada da cozinha e a água passou por cima. No momento da correria para sairmos de casa, acabei esquecendo de colocar em um local mais alto", relatou. Ela afirmou que a biblioteca do Instituto de Informática enviou o formulário solicitando o nome do exemplar e uma comprovação do dano ou extravio.
"Nesse momento, o que eu e os outros alunos que foram atingidos menos queremos é nos preocupar em ter que ressarcir livros que, quase sempre, custam uma média entre R$ 200 e R$ 300. É um momento de reconstrução e tentativa de retornar a normalidade, e muitos, como eu, tiveram outros prejuízos que não poderiam esperar. Eu, por exemplo, perdi meu notebook, e como estudo computação é impossível não ter um, então tive que prontamente providenciar isso. Espero empatia da universidade em entender que é um caso extraordinário e que não seja exigido ressarcimento", avaliou a estudante.
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