A rápida propagação do incêndio que atingiu o Morro Santana, na zona Leste de Porto Alegre, destruindo boa parte da vegetação assustou os moradores do bairro na tarde de quarta-feira (3). A intensa fumaça causada pelo fogo fez com que os moradores usassem máscaras. No período da noite, o vento empurou o fogo em direção às residências próximas. Equipes da Defesa Civil chegaram a pedir que as pessoas deixassem suas casas em razão da proximidade das chamas. Porém, as famílias preferiram permanecer em suas casas. Não houve feridos. O fogo foi combatido por cinco caminhões do Corpo de Bombeiros Militar com auxílio da equipe da Defesa Civil e de soldados da Brigada Militar.
Na Vila das Laranjeiras e no Beco da Continental, locais que ficam próximos do morro, o assunto dominou as rodas de conversa dos moradores nesta quinta-feira (4). Funcionária da padaria Weiss, que fica na rua 7 da Vila das Laranjeiras, Suelen Oliveira disse que em razão da fumaça ficou difícil respirar. "Tivemos que usar máscara porque era muita fumaça. Ficamos assustados porque o vento estava forte e o fogo se aproximava das casas", comenta.
A aposentada Romilda Manski, residente no Beco da Continental, comentou que ficou muito assustada porque o fogo chegou muito próximo das casas de madeira que foram construídas no alto do Morro Santana. "Moro na região há sete anos e não tinha visto o fogo se alastrar tão rápido", destaca Romilda que presenciou um outro incêndio na região em 2022. O fogo começou a se alastrar pela vegetação no início da tarde de quarta-feira, o que acabou por gerar um grande volume de fumaça no bairro.
O combate ao fogo na vegetação foi feita por 50 homens que combateram o fogo por mais de dez horas. O Corpo de Bombeiros não informou a origem do incêndio - por ato de vandalismo ou um acidente envolvendo a limpeza do terreno. As chamas chegaram a se aproximar da rede de alta tensão de energia elétrica.
Valério Pillar, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que é coordenador da Rede Campos Sulinos, explica que a vegetação no Morro Santana, no topo e na encosta norte e oeste, é formada predominantemente por campos nativos característicos do bioma Pampa. "Sem uso pastoril, a biomassa acumulada torna-se inflamável, facilitando a propagação do fogo. São adaptados ao fogo e rebrotam logo". O Morro Santana é o ponto mais alto de Porto Alegre, com cerca de 311 metros de altura.