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Publicada em 02 de Julho de 2024 às 16:35

Animais abrigados no Iguatemi irão para abrigo emergencial no antigo prédio da Epatur

Prefeitura, por meio da feira, iria comportar os animais, mas ong recusou frente ao frio intenso

Prefeitura, por meio da feira, iria comportar os animais, mas ong recusou frente ao frio intenso

Cesar Lopes/ PMPA/Divulgação/JC
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Thiago Müller
Thiago Müller Repórter
Após o fechamento de abrigos de animais no Shopping Pontal e previsão para encerramento do espaço dedicado aos animais no Shopping Iguatemi na próxima quarta-feira (3), a prefeitura de Porto Alegre disponibilizará o antigo prédio da Epatur, na Cidade Baixa, para servir de abrigo emergencial. Para as organizações Operação Resgate Animal e Santuário Voz Animal, que atuam na causa animal na Capital, a medida ocorre após promessas que remontam há mais de trinta dias, e uma feira de adoção com críticas de supostos maus tratos por exposição ao frio.
Após o fechamento de abrigos de animais no Shopping Pontal e previsão para encerramento do espaço dedicado aos animais no Shopping Iguatemi na próxima quarta-feira (3), a prefeitura de Porto Alegre disponibilizará o antigo prédio da Epatur, na Cidade Baixa, para servir de abrigo emergencial. Para as organizações Operação Resgate Animal e Santuário Voz Animal, que atuam na causa animal na Capital, a medida ocorre após promessas que remontam há mais de trinta dias, e uma feira de adoção com críticas de supostos maus tratos por exposição ao frio.
A feira de adoção permanente no Shopping Total acontece a partir do último sábado (29) e segue até o fim de julho. Porém, conforme relatos da ONG Santuário Voz Animal, os pets resgatados que estão no Shopping Iguatemi não foram transferidos à feira por faltas de condições estruturais, deixando os animais em gradis e pallets, durante o frio intenso que atingiu o Estado nos últimos dias. A ONG Cão da Guarda, organizadora da feira, nega que as estruturas sejam inadequadas.
O idealizador da operação de tratamento, João Fiorin, afirma que se recusou a levar os animais ao local. "Os maus tratos eram claros", expôs João. 
A organização responsável por esses pets pediu um prazo de 60 dias para conseguir encaminhar os animais para adoção responsável e lar definitivo, segundo a Secretaria da Causa Animal. Neste período, os animais vão permanecer abrigados no prédio da Epatur sob os cuidados em conjunto do Gabinete da Causa Animal e da ONG Santuário Voz Animal.
De acordo com Fiorin, as entidades aguardavam há mais de 30 dias uma decisão da prefeitura acerca da abertura de um santuário animal. Segundo afirmou o órgão municipal, em nota, será disponibilizado o prédio do largo Zumbi dos Palmares para servir de abrigo emergencial para os animais que sairão do Iguatemi na quarta-feira (3). 
Na tarde desta segunda-feira, 1º de julho, foi realizado uma reunião junto à prefeitura, na tentativa de angariar um local para permanência dos animais resgatados e ainda em abrigos. O abrigo no Pontal, que fechou sexta-feira, era mantido em parcerias com a ONG Santuário Voz Animal, enquanto do Iguatemi, pelo Aubrigo Scooby.
De acordo com dados cedidos pela Secretaria de Causa Animal para prefeitura de Porto Alegre, ainda existem 1,4 mil animais em abrigos. No entanto, o acompanhamento de abrigos no RS realizado pelo governo do Estado, estima cerca de 4,2 mil pets abrigados. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado confirmou os números. 
Fernanda Leite, idealizadora da feira e quem está à frente da coordenação da ONG Cães da Guarda, alega que as reclamações não têm fundamento. Segundo ela, "pessoas que não conhecemos vieram fazer vídeos". Os animais ficam expostos das 14h às 19h em feira de adoção, com camas e cobertas, e à noite voltam aos abrigos de outras ONGs, informou Fernanda. Ainda, seis animais passaram a noite, de sábado para domingo, no local, e depois foram adotados. Nos outros dias, afirmou que nenhum animal dormiu no local.
Fernanda explica que a feira continuará ocorrendo. "Entendo que muitos abrigos não querem vir, mas são animais que precisam ser adotados". Segundo a coordenadora, não houve permissão para os animais serem movidos, à pedido de Fernando Antunes, sócio fundador do Santuário Voz Animal, em função da possibilidade de contaminação por cinomose do local de destino. Porém, não foi explicado a ele "os animais são da minha tutela", justificou.

Dificuldades na negociação

Na sexta-feira, após a prefeitura abrir um local, embora para adoção, Fernando descreve que "começaram a circular imagens que o local não era adequado para ser abrigo". "o abrigo precisa ter coleta discreta, descarte de resíduos, enfermaria veterinária, no mínimo", o que não havia. Porém, além disso, nem área de passeio ou ala destinada à limpeza de utensílios. Na época, expôs à questão à Secretaria, "e fomos sábado a noite e constatamos que era muito frio, não tinha como pessoas ficarem lá, muito menos animais".
Fernando relata demora na negociação anterior, e dificuldades de encontrar outro local. A promessa de um local para os animais remonta, pelo menos, desde 25 de maio. "Seria um santuário de animais e um abrigo de pessoas também", descreve. Segundo ele, foi se passando os dias, e em 15 de junho ainda não possuíam resposta concreta, "E nisso a prefeitura disse não era pra gente se preocupar, que caso o santuário não saísse teríamos local para acomodar os animais", até o fim de semana, no qual foram convidados a deixar os animais na Feira Permanente.
Após isso, no último domingo (30), pela manhã, foi oferecido à ONG o Abrigo Ararigbóia, no Bairro Petrópolis. O local já comportava cerca de 27 cães, e havia um número com leptospirose e uma área isolada contaminada com cinomose. A doença, infecciosa, requer desinfecção com produtos que podem fazer mal à saúde dos animais, inviabilizando o processo com a presença deles.
Posteriormente, no mesmo dia, foi verificado a possibilidade de outro local, no Abrigo Casa420, no mesmo bairro, o qual não tinha espaço para comportar todos os pets. Uma terceira possibilidade foi verificada junto ao abrigo Sesi Rubem Berta, que já estava enviando-os para tendas junto ao exército. Porém, o número de animais era muito alto em comparação com a disponibilidade.

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