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Publicada em 08 de Julho de 2024 às 20:29

Fauna da Lagoa dos Patos sofre alterações no pós-enchente

Safra do camarão e da tainha devem ser menores no próximo ano

Safra do camarão e da tainha devem ser menores no próximo ano

PATRÍCIA LIMA/ESPECIAL/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
Em maio deste ano, o Rio Grande do Sul vivenciou a maior tragédia ambiental de sua história, quando mais de 2 milhões de gaúchos foram impactados por cheias, sendo que ao menos 182 vieram a óbito. Porém, conforme alerta o professor Alexandre Garcia, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), os impactos também foram enormes para a vida marinha. No estuário da Lagoa dos Patos, por exemplo, já está havendo diminuição no número de animais de algumas espécies e consequente alteração da cadeia alimentar.
Em maio deste ano, o Rio Grande do Sul vivenciou a maior tragédia ambiental de sua história, quando mais de 2 milhões de gaúchos foram impactados por cheias, sendo que ao menos 182 vieram a óbito. Porém, conforme alerta o professor Alexandre Garcia, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), os impactos também foram enormes para a vida marinha. No estuário da Lagoa dos Patos, por exemplo, já está havendo diminuição no número de animais de algumas espécies e consequente alteração da cadeia alimentar.
"Estuários são ambientes de transição entre a água doce e a salgada e, portanto, possuem uma fauna variada, com animais que vêm dos dois ambientes, além daqueles que se adaptaram a viver nesse espaço intermediário. Só que, no caso da Lagoa dos Patos, essa realidade está sendo modificada na medida em que um volume de água sem precedentes se acumulou na região", explica. "Agora, o que se vê é um ambiente de água predominantemente doce e até certo ponto contaminada".
Durante a enchente, animais que usavam o estuário para pôr seus ovos, como tainhas, camarões e corvinas, viram os filhotes serem empurrados para fora do corpo hídrico, que agora está sendo ocupado em demasia por peixes de água doce adultos. Muitos desses animais, inclusive, foram trazidos do lago Guaíba pela correnteza.
Com isso, Garcia percebe uma mudança na composição das espécies e uma alteração na cadeia alimentar da região. "Se a fauna muda, os consumidores desses animais acabam sendo afetados. Estamos falando de aves, grandes mamíferos e até mesmo dos humanos, com a pesca. Será um problema que viveremos ainda por um bom tempo", afirma.
Em relação aos poluentes carregados pela enchente e uma possível mortalidade dos animais marinhos, o professor admite não haver estudos definitivos sobre o assunto. Porém, prevê, até mesmo, uma diminuição de indivíduos de algumas espécies em médio prazo.

Safra de camarão e tainha será impactada na região

Para o também professor da Furg, Felipe Dumont, um dos primeiros impactos dessa mudança será visto na safra da pesca, principalmente dos camarões e da tainha, no próximo ano. Por outro lado, é possível que ao longo dos próximos meses, outras espécies ganhem força, consolidando a pesca de outros animais na região Sul do Estado.
"Nós analisamos a safra com base na reprodução dos animais no ano anterior e, como o camarão, por exemplo, teve seus filhotes jogados para fora do estuário, isso foi muito prejudicado. Além disso, essa e outras espécies não conseguem se reproduzir normalmente na região enquanto a água predominar doce. No futuro, talvez isso mude, mas não acredito em uma safra positiva em 2025, explica.
 

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