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Publicada em 20 de Junho de 2024 às 20:57

Ainda sob calamidade, região das Ilhas volta a sofrer com inundações em Porto Alegre

Bairro registra muitos danos da enchente de maio

Bairro registra muitos danos da enchente de maio

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
Passaram-se pouco mais de um mês desde que Porto Alegre presenciou o pico da maior cheia de sua história. Após aquele momento, esforços foram feitos e, em bairros como Menino Deus, Cidade Baixa e Centro, já é possível presenciarmos um principio de retomada da normalidade. Porém, em uma das regiões mais vulneráveis da cidade, no Arquipélago, a realidade segue devastadora.
Passaram-se pouco mais de um mês desde que Porto Alegre presenciou o pico da maior cheia de sua história. Após aquele momento, esforços foram feitos e, em bairros como Menino Deus, Cidade Baixa e Centro, já é possível presenciarmos um principio de retomada da normalidade. Porém, em uma das regiões mais vulneráveis da cidade, no Arquipélago, a realidade segue devastadora.
Na tarde desta quinta-feira (20), a situação se agravava na medida em que, ainda com incontáveis pilhas de entulho (a maioria restos de móveis) espalhadas nas ruas e imóveis completamente destruídos, os moradores começaram a presenciar uma nova subida rápida do rio Jacuí. Na Ilha da Pintada, João Alberto Souza, 41 anos, afirma ter sido obrigado a interromper a limpeza de sua casa e voltar a se abrigar no segundo andar da residência de sua sogra, em um ponto mais alto da localidade.
"É difícil. Perdemos tudo, mas voltamos para casa e começamos a limpeza de novo, sempre mantendo a esperança e o otimismo de dias melhores. Mas agora já ficou complicado de novo, os móveis que colocamos do lado de fora devem ter sido levados pela água e nossa casa voltou a ser alagada. A prefeitura também nunca vai nas ruas para auxiliar, fica só na parte principal da Ilha. Acaba que somos nós por nós mesmos", lamenta.
A história de Souza pode-se dizer que reflete várias outras muito parecidas na região. São pouquíssimas as casas que já estão limpas, os carros que não apresentam danos e as ruas que não estão repletas de lixo. Entre aqueles que passam pelas Ilhas, a primeira reação quase sempre é comparar a destruição causada pela água com a passagem de um furacão.

Entulhos se acumulam pelas ruas da Ilha da Pintada
Entulhos se acumulam pelas ruas da Ilha da Pintada EVANDRO OLIVEIRA/JC
Além das perdas e de um forte odor, que se tornaram característicos das áreas atingidas pela enchente, também chama a atenção, na Ilha da Pintada, a quantidade de areia que permaneceu após o recuo do Jacuí. De acordo com Teresinha Carvalho da Silva, presidente do Museu das Ilhas e moradora do bairro, isso remete ao momento do início do povoamento da região.
"Essa grande quantidade de areia só tinha sido vista anteriormente quando os primeiros moradores chegaram aqui. Mesmo sendo um pequeno problema comparado com o todo, não deixa de ser triste e assustador", explica.
De positivo, toda a energia elétrica e abastecimento de água foram restabelecidas no Arquipélago e a subida constante do nível do rio promete ser interrompido até esta sexta-feira. Além disso, veículos da Marinha do Rio de Janeiro realizam diariamente a remoção dos resíduos das ruas.

Marinha fluminense tem realizado trabalhos de limpeza na região
Marinha fluminense tem realizado trabalhos de limpeza na região EVANDRO OLIVEIRA/JC
Entretanto, das cerca de 8 mil famílias que moram na região, conforme o último Censo, de 2022, são poucas as que estão em suas casas. Além daquelas que recorreram aos abrigos ofertados pelo município, também há diversos acampamentos montados na beira da BR-290.
No inicio da tarde desta quinta, outras ilhas de Porto Alegre, como a das Flores, já se encontravam inacessíveis por veículos comuns por acúmulos de água nas vias de acesso.
 

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