A Defesa Civil de Porto Alegre fez um alerta na noite da última segunda-feira (17) aos moradores das Ilhas e do extremo-sul da cidade. Esse alerta é baseado em informações disponibilizadas pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e pela Sala de Situação do Estado.
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O comunicado informa o risco de transtornos por conta de inundações nas regiões citadas acima, entretanto, as demais regiões de Porto Alegre podem ser afetadas, em decorrência das cotas elevadas dos rios afluentes e por oscilações causadas pelo efeito dos ventos.
"Estamos acompanhando as cotas dos rios Caí, Jacuí, Taquari, Gravataí e Sinos, porque todos desaguam no Delta e a elevação deles pode ocasionar a inundação nas regiões ribeirinhas de Porto Alegre", informa a Defesa Civil de Porto Alegre, em comunicado disponibilizado via assessoria de imprensa.
Entre as orientações da Defesa Civil estão:
• Abrigar-se em um local seguro;
• Se estiver em trânsito, ir para um lugar seguro e espere o nível da água baixar;
• Não transitar em lugares sujeitos a alagamentos, inundações e deslizamentos durante o período de alerta;
• No caso de necessidade, procurar abrigo temporário junto a amigos/parentes ou na estrutura disponibilizada pela Prefeitura.
Os moradores do bairro Arquipélago, onde ficam as ilhas, ainda sofrem com as perdas da enchente de maio, e terão de enfrentar mais esse desafio. Muitos deles, ainda nem conseguiram retornar as suas residências, tiveram de encontrar abrigo na casa de parentes ou nos locais disponibilizados pela Prefeitura.
É o caso de Caroline Sum. Nascida e criada na Ilha da Pintada, está há 48 dias fora de casa. "Tenho três crianças, incluindo uma bebê de nove meses. Também estão aqui, minha mãe, meu avô , irmã e sobrinho. Tivemos que ir para Gravataí. Não se tem previsão de voltar para ilhas, pois está um bairro fantasma ainda. Morros de lixo e morros de areia tomam conta. Escolas, mercados e farmácias sem funcionamento e sem previsão de retorno", explica.
Os que ainda ficaram ali, não querem largar o pouco que têm pelo medo constante de saques. Entretanto, como não há nada funcionado, dependem das doações que chegam de fora para sobreviver. "Cada um ajuda um pouquinho, é assim que o pessoal está sobrevivendo ali. O pessoal é guerreiro", afirma Vilian Veiga, também morador da Ilha da Pintada.
Além disso, há a previsão de chuva que preocupa. "A condição já é desumana. A chegada dessa chuva vai piorar ainda mais a situação. Quem perdeu quase tudo, corre o risco de perder o pouco que restou. Por mais que isso seja frequente na região, os moradores estão com muito medo", afirma Veiga.