Terceira cidade mais atingida pelas enchentes que causaram destruição no Rio Grande do Sul, São Leopoldo, na região do Vale do Rio dos Sinos, pretende concluir a limpeza do município no prazo de 60 dias. A projeção é do prefeito Ary Vanazzi, que participou na quinta-feira (6) da apresentação dos dados "Os efeitos na atividade econômica do eventos de maio de 22024 sobre os municípios afetados do Rio Grande do Sul" produzido pela Unisinos. "As cheias em São Leopoldo afetaram 180 mil pessoas, 100 mil moradores ficaram fora de casa e aproximadamente 35 mil casas foram cobertas pelas águas", destaca. Segundo Vanazzi, a cidade está num projeto muito forte de limpeza com conclusão para dois meses que envolve mil pessoas atuando na conservação do município, 300 caminhões e 100 retroescavadeiras.
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Além disso, 20.642 moradores passaram por 130 abrigos e 18 escolas municipais, 14 unidades de saúde e 11 serviços de convivência da Assistência Social foram afetados. De acordo com a Defesa Civil Estadual, São Leopoldo registrou nove mortes. O prefeito explica que o abastecimento de água foi retomado na cidade assim como foram reconstruídos dois diques que tiveram problemas durante a inundação.
Do ponto de vista econômico, o prefeito afirma que está sendo discutida com os empresários e microempresários a obtenção de linhas de financiamento e de crédito. "Estamos apoiando os pequenos empreendedores que são cerca de 20 mil que foram atingidos e perderam tudo", comenta. Vanazzi explica que a ideia é que os empresários possam começar a se reerguer com apoio financeiro da prefeitura de São Leopoldo e dos programas do governo federal.
O prefeito destaca que 12,4 mil famílias já receberam R$ 5,100,00. "Esse valor significa que a cidade recebeu R$ 63 milhões de injeção na economia local. Temos ainda mais R$ 55 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que foi liberado para todos os moradores de São Leopoldo", acrescenta. Conforme Vanazzi, mais de R$ 110 milhões entraram na economia da cidade nos últimos 15 dias.
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Vanazzi afirma que está sendo discutido com os empresários e microempresários a obtenção de linhas de financiamento e de crédito. Foto: Evandro Oliveira/JC
O chefe do Executivo municipal disse que a maior enchente de São Leopoldo havia ocorrido em 1941 quando o sistema de proteção das cheias da cidade foi projetado. "A cheia de 2024 superou em um metro a mais de água ultrapassando os diques. Nunca tivemos esse volume de água em São Leopoldo", recorda. A prefeitura apresentou um projeto ao governo federal para que possa ser recuperado os diques com a ampliação em um metro e meio para dar segurança aos moradores e a indústria.
São Leopoldo possui 220 mil habitantes. Deste total, 180 mil pessoas foram afetados pelas enchentes. O prefeito também foi afetado pelas cheias no bairro Campina onde reside há mais de 40 anos. "Perdi tudo. Já enfrentei mais de 20 enchentes no meu bairro, mas nenhuma com o impacto dessa de 2024 que prejudicou muito a infraestrutura da cidade."
Ao governo federal, a prefeitura de São Leopoldo fez os seguintes encaminhamentos: os setores prioritários para a retomada da cidade são o desenvolvimento econômico, a reconstrução e modernização do sistema anticheias e habitação, com soluções para aqueles que ficaram sem moradia. Além disso, também foi solicitada a reestruturação de escolas, unidades de saúde e centros de referência da assistência social e obras de drenagem e pavimentação.
O estudo da Unisinos apontou que seis cidades gaúchas foram as mais afetadas pelas enchentes de maio em termos de atividade econômica: Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, com mais de 40 mil habitantes, foi a mais afetada, seguida por Canoas, São Leopoldo, Guaíba, Triunfo e Porto Alegre.