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Publicada em 06 de Junho de 2024 às 17:36

Leptospirose pode permanecer na lama após diminuição das águas; limpeza requer prevenção

Lama e demais detritos ainda são fonte de contaminação mesmo após enchente

Lama e demais detritos ainda são fonte de contaminação mesmo após enchente

TÂNIA MEINERZ/JC
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Thiago Müller
Thiago Müller Repórter
As cheias no Rio Grande do Sul são pontos de atenção para doenças como leptospirose, hepatite A, tétano, doenças diarreicas agudas e infecções respiratórias. A leptospirose, especificamente, já causou, segundo último boletim da Secretaria de Saúde do Estado, 3.658 casos notificados e 242 confirmados, além de 15 óbitos. Porém, conforme alerta o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs-RS), a doença pode ficar retida na lama ou em locais contaminados mesmo após diminuição das águas.
As cheias no Rio Grande do Sul são pontos de atenção para doenças como leptospirose, hepatite A, tétano, doenças diarreicas agudas e infecções respiratórias. A leptospirose, especificamente, já causou, segundo último boletim da Secretaria de Saúde do Estado, 3.658 casos notificados e 242 confirmados, além de 15 óbitos. Porém, conforme alerta o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs-RS), a doença pode ficar retida na lama ou em locais contaminados mesmo após diminuição das águas.
A doença é causada, segundo o comunicado publicado pelo Cevs, por exposição direta ou indireta à urina de animais contaminados pela bactéria leptospira. Isso inclui lama, lixo e demais detritos. O quadro clínico pode ocorrer a partir do contato da pele, mesmo íntegra, por longos períodos, pela penetração a partir de lesões ou ainda mucosas, boca, olhos ou afins.
Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, Roberta Vanacôr, o órgão recomenda que "ao retornar para suas casas, as pessoas procurem estar de botas e luvas plásticas e roupas longas para evitar o contato da pele com a lama. Caso isso ocorra, que procure higienizar imediatamente."
Por esse motivo, mesmo durante a limpeza, a Cevs indica, em seu Guia Rápido para Riscos e Cuidados Após as Enchentes, que o indivíduo envolvido cubra cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água; não ande descalço; use luvas e sapatos impermeáveis; evite nadar, tomar banho ou ingerir água que possa estar contaminada com água da enchente. 
O documento lista a maneira ideal de realizar a limpeza para cada caso. Para retirada da sujeira, em geral, usa-se água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), e sua concentração varia conforme a finalidade. Ressalta-se que não se utilize saneantes caseiros ou sem procedência, e nunca misture saneantes por conta própria.

Sintomas de leptospirose e como proceder

"No caso específico da leptospirose, a gente vêm trazendo muito essa questão de que a pessoa não deve negligenciar os sintomas. Os primeiros sintomas são muito semelhantes a qualquer caso viral e bacteriano", explica Roberta. Por isso, independente se o indivíduo teve contato com lama e do quadro clínico, é fortemente recomendado que, se acometido por esses indícios, procure o médico o mais rápido possível. É preconizado, porém, que não seja realizada automedicação, já que é possível ser outra doença.
A leptospirose, conforme Roberta, possui um curso clínico curto entre a data de início de sintomas e potenciais agravamentos. Sendo esses sintomas a febre, ou até mesmo sensação febril, dor de cabeça, dor muscular (principalmente panturrilhas), falta de apetite, náuseas/vômitos. Os sintomas surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias.
A profissional também ressalta que o tratamento independe da confirmação laboratorial. Atualmente, o resultado é dado de forma clínica epidemiológica e os remédios são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Deve-se ressaltar que a incidência está sendo muito maior que o comum no pico das cheias. Na semana de início das enchentes foram registradas 36 ocorrências totais. Duas semanas depois, o número notificado foi cerca de 15 vezes maior, totalizando 563. Na mesma semana aconteceu o pico de óbitos, seis pessoas. Os números arrefeceram, mas ainda são altos. Somente nesse menor período, até o momento, há 629 ocorrências, entre notificações e óbitos.

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