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Publicada em 28 de Maio de 2024 às 18:36

Desigualdade é barreira para desenvolvimento humano, diz orgão da ONU

Além do IDH, impactos da pandemia do coronavírus também foram objetos de estudo

Além do IDH, impactos da pandemia do coronavírus também foram objetos de estudo

ANA TERRA FIRMINO/JC
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Agência Brasil
A desigualdade como vulnerabilidade e fator de dificuldade para a mobilidade social está entre as conclusões de um relatório lançado nesta terça-feira (28), em Brasília, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O estudo traz um recorte sobre os estados brasileiros em relação à trajetória do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre 2012 e 2022, além dos impactos sofridos durante a pandemia de Covid-19.
A desigualdade como vulnerabilidade e fator de dificuldade para a mobilidade social está entre as conclusões de um relatório lançado nesta terça-feira (28), em Brasília, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O estudo traz um recorte sobre os estados brasileiros em relação à trajetória do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre 2012 e 2022, além dos impactos sofridos durante a pandemia de Covid-19.
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Segundo a coordenadora de Desenvolvimento do PNUD, Betina Barbosa, que liderou a pesquisa, os dados confirmam que o impacto da pandemia no desenvolvimento humano foi global, embora tenha sido mais significativo nos países da América Latina. No Brasil, representou um retrocesso médio de 22,5%, o que equivaleria a voltar para o estado de desenvolvimento humano de seis anos antes do início da crise estabelecida pela doença.

Com as três dimensões usadas para medir o desenvolvimento humano — longevidade da população, renda e educação — é possível compreender melhor a importância dessa análise mutidimensional, diz Betina. "A reação no IDH Brasileiro nos faz perder 10 anos de melhoria no IDH longevidade, 10 anos de melhoria no IDH renda e dois anos de melhoria no IDH educação", acrescenta.

Desigualdade

De acordo com Betina, o estudo mostra que, assim como a pandemia afetou de forma diferenciada os países em todo o mundo, populações diversas também foram atingidas de maneiras variadas.

As mulheres negras foram as que ficaram mais vulneráveis em termos de desenvolvimento de seu potencial e aproveitamento de oportunidades. "A gente tem 27% dos lares brasileiros chefiados por mulheres negras. Esses lares constituem quase 30% da população brasileira, e neles estão quase 34% de todas as crianças e jovens de até 14 anos. No entanto, o rendimento total desses lares chega a apenas 16% de todo o rendimento do Brasil", ressalta.

Projetando os dados para o futuro, a pesquisadora entende que a maior parte da população que vai compor o país daqui a alguns anos será de negros e pardos, como já ocorre no Norte, onde esse grupo representa 80% das pessoas. Diante de tal vulnerabilidade, o estudo recomenda a repactuação do desenvolvimento humano por meio de conquistas que impactem educação, saúde e renda com foco em raça e gênero.

Segundo a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, que participou do lançamento do relatório, o recorte trazido pelo estudo representa uma importante ferramenta para repensar políticas públicas. "Uma das grandes mensagens do governo Lula é justamente a questão do combate às desigualdades, mas favorecendo a nossa diversidade", diz a ministra.

Efeito Nordeste

Na construção de políticas públicas sólidas, que diminuam o impacto no desenvolvimento humano em momentos de crise como o enfrentado na pandemia da Covid-19 e, recentemente no Rio Grande do Sul, o relatório cita ainda um achado que surpreendeu pesquisadores nos dados sobre o Brasil: no sentido contrário às expectativas, o maior desenvolvimento humano nos estados não foi refletido em baixas taxas de mortalidade.

Os estados com maior número de mortes na pandemia foram Rio de Janeiro e Paraná, além do Distrito Federal. Enquanto isso, o Maranhão, que mantém o menor IDH do país, teve taxa de mortalidade tão baixa que, se replicada em todo o país, significaria uma redução pela metade das mortes causadas pelo coronavírus verificadas no Brasil entre 2020 e 2021.

Na avaliação de Betina, esse resultado foi alcançado por meio das 487 medidas de combate à Covid-19 adotadas pelo Estado e fortalecidas por acordos com outros entes federados, o que possibilitou a compra conjugada de medicamentos, mobilização de leitos entre estados e outras respostas mais efetivas durante a crise.

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