Matéria atualizada às 17h37min
A previsão da Trensurb - Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre de criar um “caminho ferroviário humanitário” entre as estações Mathias Velho, em Canoas até Novo Hamburgo na próxima segunda-feira, não deve se manter, pelas fortes chuvas que voltaram a cair na Capital e também um incêndio na subestação de energia da estação São Luís. “Foi feita a inspeção dos equipamentos que foram atingidos e felizmente teremos como fazer a reposição, sem prejuízo”, informa a Trensurb.“A subestação de energia São Luís é vital para concretizar esse caminho ferroviário humanitário”, informa o diretor-presidente da empresa, Fernando Marroni, ao Jornal do Comércio.
A empresa esclareceu também, posteriormente, que testes do equipamento substituto devem ser realizados a seco, e estão impedido pelas chuvas.
Marroni diz que a Trensurb vem administrando o “caos” com a enchente e os inúmeros problemas que são acarretados pelas águas. No trajeto entre as estações Mathias Velho até Novo Hamburgo as equipes seguem trabalhando nas máquinas de chave, responsáveis pela troca de trilhos e que precisam de manutenção. “Estamos fazendo testes de aterramento da rede na rede aérea para possibilitar energizar a linha e estamos no mutirão de limpeza das estações, uma vez que elas serviram de abrigo no momento da crise. Nós tivemos mais de três mil pessoas que passaram pelas nossas estações”, destacou.
Marroni explicou que também faz parte do trabalho a desocupação de abrigo de animais na Santo Afonso, em Novo Hamburgo, além da tarefa de recuperar o que foi depredado nas estações. “Roubaram praticamente todos os equipamentos, sendo que na estação Santo Afonso, botaram fogo no elevador”, conta.
A Trensurb também não tem previsão de retorno da estação Farrapos até a do Mercado Público de Porto Alegre. “Até agora não conseguimos fazer uma avaliação, sendo muito difícil operar neste trecho a um médio prazo”, destaca o diretor-presidente. Ele acrescenta que nas estações e subestação tiveram perda total e além disto, os trilhos que são colocados em cima de britas devem ser trocados normalmente com uma certa regularidade, isto ocorre porque ele perde o intertravamento e causa instabilidade.
“Quando ocorre o alagamento dos trilhos, então praticamente tem que substituir todo o leito da rede ferroviária e isto será um trabalho muito demorado”, explica. Ele detalha que, neste caso, será necessário fazer uma inspeção mais detalhada depois que as águas baixarem.
A Trensurb tem 40 trens, um ficou preso na estação do Mercado Público, no momento da enchente. Três trens estão passando por uma manutenção profunda, ou seja, a cada um milhão de quilômetros percorridos, eles são desmontados e remontados para troca de componentes necessários para o seu correto funcionamento. Segundo Marroni, esses três trens não foram retirados da oficina, porque não havia possibilidade para que isto ocorresse. Ele explica que há condições para recuperá-los.
Já os 36 trens da frota estão em um local protegido. “No dia 3 de maio, recebemos às 15h30min um alerta do Instituto de Pesquisas Hidrológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e, às 16 horas, nós encerramos as operações e começamos uma operação para retirar todos os trens, porque havia um indicativo de que o pátio da Trensurb ficaria alagado”, conta. Ele acrescenta que todos os trens foram retirados naquele dia até as 23 horas, bem como boa parte dos equipamentos.
Em relação aos prejuízos, Marroni informa que foi encaminhado ao governo federal um pedido de valores e, em resposta, o poder executivo emitiu uma medida provisória com a cifra de R$ 168 milhões para recuperação da área que a Trensurb já fez avaliação e inspeção. “Esse recurso emergencial vem para substituição das subestações e das sinalizações, além de reparo nos trilhos, entre outros. Já os recursos operacionais serão uma nova tarefa para que nós consigamos alcançar a normalidade do trecho entre a estação Farrapos até Novo Hamburgo. Da estação Farrapos até o Mercado Público, nós não temos uma avaliação, acrescenta.