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Publicada em 22 de Maio de 2024 às 13:06

Ação no Centro de Porto Alegre incentiva retorno das atividades

Comércio da Capital começa ação de limpeza para a retomada

Comércio da Capital começa ação de limpeza para a retomada

Maria Amélia Vargas/Especial/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
“Saudade da pandemia, quando a gente não vendia mas ainda tinha mercadoria.” O lamento do comerciante Nasser Hak, 38 anos, reverberava pelas cercanias da rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira (22). Assim como ele, outros empresários seguiam no trabalho de limpeza, organização e contabilidade dos prejuízos causados pelas águas do Guaíba que inundaram o Centro da cidade nos últimos dias.
“Saudade da pandemia, quando a gente não vendia mas ainda tinha mercadoria.” O lamento do comerciante Nasser Hak, 38 anos, reverberava pelas cercanias da rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira (22). Assim como ele, outros empresários seguiam no trabalho de limpeza, organização e contabilidade dos prejuízos causados pelas águas do Guaíba que inundaram o Centro da cidade nos últimos dias.
Em meio a este cenário, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Porto Alegre e o Sindilojas POA, com apoio da prefeitura da Capital, realizaram ação para incentivar o varejo a dar o pontapé inicial na retomada. Com uma van circulando pelo local, as entidades realizavam a distribuição gratuita de materiais de limpeza e utensílios para higienização das lojas.
Dono de três lojas na região, Hak acredita que sem iniciativas públicas o comércio local não conseguirá se reerguer de mais este revés. “O governo adiou os impostos das empresas para dia 20 de junho, só que nem previsão de energia elétrica não tem por aqui. Do jeito que está, como as empresas vão conseguir pagar? Cadê o Estado, cadê a prefeitura, cadê a infraestrutura? Zero, zero”, reclamava.
Enquanto fazia um levantamento dos danos em sua loja de calçados, Mohamed Kahalil, 51 anos, calculava um rombo de cerca de R$ 500 mil entre produtos e mobiliário. “De tempo parado, se a gente contar que o mês de maio é o melhor mês depois do Natal, a perda de receita será muito grande”, avaliou o empreendedor.
Em apenas um dos três estabelecimentos que Samir Samhan, 45 anos, tem nas redondezas, o baque foi de R$ 1 milhão. “Tive perda total, a água passou de dois metros e meio em uma delas, onde tivemos perda total. Instalações, produtos, materiais, tudo está completamente comprometido”, afirmou.
Segundo o presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, a iniciativa conta com mais de 10 mil itens (alvejante, álcool, esponja dupla face, luvas, saponáceo, vassoura, sacos de lixo, sabão em pó, máscara, sacos alvejados, rodo e balde), além de emprestar lava-jatos para quem precisar para limpar suas lojas.
“Só na primeira semana, o comércio da cidade registrou uma perda de mais de R$ 300 milhões em vendas e de R$ 580 milhões no RS. Mas temos também as perdas nos estoques e no patrimônio”, pontuou.
O presidente do Sindilojas POA acrescenta ainda que, caso a atitude seja bem recebida, há possibilidade de ser ampliada a outras regiões afetadas. A campanha ocorrerá das 8h30min às 17h, até a próxima sexta-feira (24). Os interessados também poderão retirar os materiais na sede da CDL POA, com entrada pelo estacionamento, no endereço Praça Osvaldo Cruz, nº 10.

Doações em meio as destroços

Assim que se iniciaram os trabalhos de limpeza no Centro, algumas lojas disponibilizaram para a população alguns dos produtos resgatados e que não serviriam mais para vendas. Este foi o caso da auxiliar de serviços gerais Daniela Marques, 41 anos, que ficou sabendo da distribuição por meio de um grupo de WhatsApp. “Um foi passando a informação para outro e consegui vir para pegar roupa de cama, que estou precisando muito. Eu moro do bairro Partenon, em uma parte que não chegou a alagar, mas a casa do vizinho caiu em cima da minha e acabei tendo prejuízos”, relatou.
Com malas e sacolas grandes, a dona de casa Patrícia Ignácio Freitas, 33 anos, foi avisada pela irmã e resolveu ir até o Centro para tentar recolher alguns dos produtos expostos. “Ela me falou que era pra gente vir, que eles estavam largando na frente pra pegar, porque vai fora, né? Eu peguei toalha, lençol, duas colchinhas e três travesseiros”, enumera.

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