O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta segunda-feira (20) que estuda produzir uma pesquisa com indicadores específicos para o Rio Grande do Sul.
A possibilidade faz parte de um plano de ações do órgão para fornecer dados úteis ao processo de reconstrução do estado. Municípios gaúchos foram devastados por enchentes de proporções históricas nas últimas semanas.
A diretora de pesquisas do IBGE, Elizabeth Hypolito, disse que o novo levantamento seria amostral e poderia ser feito por telefone, em um modelo semelhante ao que o instituto adotou durante a pandemia no Brasil.
À época, o órgão lançou a Pnad Covid-19, uma pesquisa com indicadores das áreas de saúde e mercado de trabalho. O objetivo era entender eventuais reflexos da crise sanitária no país.
A produção dos dados gaúchos ainda depende da liberação de orçamento adicional para o IBGE. A instituição não detalhou quais perguntas poderiam integrar os novos questionários.
"Um projeto desse tipo requer recursos orçamentários adicionais. Neste momento, não temos como assegurar que essa pesquisa seria realizada, mas estamos debatendo internamente a possibilidade", acrescentou a diretora.
As declarações ocorreram durante o lançamento de uma força-tarefa do IBGE que promete facilitar o acesso a dados úteis para o contexto do Rio Grande do Sul.
O órgão solicitou ao Ministério do Planejamento e Orçamento uma suplementação orçamentária na faixa de R$ 38 milhões para medidas voltadas ao estado, indicou o presidente do instituto, Marcio Pochmann.
Os recursos necessários para a nova pesquisa já estariam nesse pacote. A instituição também teve instalações afetadas pelas enchentes no território gaúcho.
"Em relação ao questionário [do RS], é algo que ainda está em formatação. Estamos na expectativa de poder realizar essa pesquisa o mais rápido possível, à medida que a gente tenha uma sinalização do Ministério do Planejamento e Orçamento", afirmou Pochmann.
No âmbito da força-tarefa lançada nesta segunda, o IBGE pretende capacitar gestores públicos para o uso de estatísticas que possam ser úteis para o Rio Grande do Sul.
O instituto fala ainda em prestar informações "por demanda" para diagnóstico, planejamento e reconstrução de localidades afetadas.
As enchentes desafiam o andamento da coleta presencial de dados da instituição no Rio Grande do Sul. Como mostrou a Folha, o temor é de que as restrições logísticas afetem a produção de pesquisas como os índices de inflação IPCA-15 e IPCA.
O IBGE ainda não deu detalhes sobre os eventuais impactos nos trabalhos. A publicação dos dados do IPCA-15 de maio está prevista para a próxima semana, no dia 28 de maio. Já o IPCA deste mês sairá em 11 de junho.
"Temos buscado métodos alternativos, assim como foi feito no período da pandemia, utilizando telefone, internet, na medida do possível, para que as coletas continuem acontecendo", afirmou Hypolito.
"É necessário esperar o fechamento de cada uma e o processamento para a gente avaliar exatamente o impacto. O IBGE sempre prezou muito pela transparência. À medida que a gente for fechando e divulgando as pesquisas, as informações sobre os impactos serão comentadas também", completou a diretora.
Folhapress