Esta sexta-feira (17) marca o 14º dia de resgates decorrentes das enchentes em Porto Alegre. Luiz Fernando Ximango, que coordena o ponto próximo ao viaduto da avenida Benjamin Constant, na Zona Norte, motivava os voluntários com megafone, nesta manhã, dizendo que foram mais de 4,5 mil vidas e 1,5 mil animais salvos no local.
“Hoje sentei na cama, respirei fundo, fui levantar e não tive força. Mas quando vi as mensagens das pessoas chegando, lembrei o quanto importante é voltar para cá. A gente sabe que há ainda muitas vidas para salvar”, afirma Ximango.
O trabalho no viaduto José Eduardo Utzig já teve dias intensos. Nesta sexta, o vai e vem de barcos ainda ocorria, mas sem tanta pressa. A região continua muito alagada, com a água passando de 1 metro de altura. As concessionárias de carros seguem submersas.
A área debaixo do viaduto é um ponto de acolhimento com suporte 24h. Ali há assistência médica, farmácia, banca logística, tenda pet, oficina e posto de gasolina para embarcações. “Todo trabalho é feito por civis, não temos auxílio do Estado. Mesmo assim não registramos nenhum acidente de trabalho e nenhum óbito”, relata Ximango.
A atividade continua, segundo ele, até a água secar. “Vamos ficar aqui até passar, ninguém vai ficar para trás”, garante.
Como está a Zona Norte nesta sexta-feira
A reportagem do Jornal do Comércio circulou de barco, na manhã desta sexta-feira, por avenidas como Farrapos, Cairú e Sertório. O cenário ainda é caótico, inimaginável para qualquer porto-alengrense.
É possível observar diversas pessoas ilhadas em apartamentos. São indivíduos que resolveram permanecer em casa. A percepção é que suas vidas estão pausadas. Eles passam o dia observando o movimento aquático de suas janelas.
Alguns chegaram a criar sistemas com tubos ou cordas para receber materiais, já que não podem sair. Ao circular por ali é difícil prever um futuro de normalidade.
Avenida Farrapos seguia completamente debaixo d´água. Foto: Tânia Meinerz/JC