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Publicada em 17 de Maio de 2024 às 16:31

Vazamento em barragem na Zona Leste de Porto Alegre preocupa moradores

Com alta do nível da barragem, Defesa Civil e Dmae sugeriram que moradores deixassem o loteamento

Com alta do nível da barragem, Defesa Civil e Dmae sugeriram que moradores deixassem o loteamento

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Gabriel Dias
O extravasamento de uma barragem na Lomba do Sabão, no limite entre Porto Alegre e Viamão, no domingo, dia 12 de maio, causou preocupação entre moradores da Capital e do município da Região Metropolitana. 
O extravasamento de uma barragem na Lomba do Sabão, no limite entre Porto Alegre e Viamão, no domingo, dia 12 de maio, causou preocupação entre moradores da Capital e do município da Região Metropolitana. 
O alerta emitido pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) orientou moradores a deixarem o local. A Defesa Civil reiterou a orientação para que o grupo saísse da área, entretanto, nenhum morador deixou o entorno da barragem, apesar do risco de inundações. O grupo alega não ter para onde ir.
A reportagem esteve no local nesta quinta-feira (16) e observou que as residências do entorno, na parte de Porto Alegre, apresentam rachaduras e paredes quebradas. O loteamento fica entre os bairros Agronomia e Lomba do Pinheiro.
A situação da barragem e os riscos são tema de conversas dos moradores. O loteamento na Lomba do Sabão sofreu quatro enchentes nos últimos oito anos, como relata o morador Luís Henrique Rodrigues, que mora no local desde 2016.
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As fortes chuvas das últimas semanas preocupam os moradores da região do entorno da Lomba do Sabão. Foto: THAYNÁ WEISSBACH/JC
"Passamos por vários alagamentos, aprendemos como são as coisas. Controlamos o risco pela altura do Arroio Dilúvio (que nasce junto à barragem e deságua no Guaíba). Quando ele está no nível da rua, pegamos tudo que podemos e protegemos dentro de casa. É sempre um clima de tensão, mas eu não tenho para onde ir”, relata.

As fortes chuvas das últimas semanas preocuparam ainda mais os moradores. Embora não tenham sofrido com inundações, como bairros próximos à orla do Guaíba, o momento é de alerta. Diversas pessoas cogitam sair da região, mas a dificuldade é encontrar outro lugar para morar.
“Tenho medo da barragem, mas não tenho o que fazer. Essa é a minha casa, O único lugar que tenho para morar. Ninguém quer comprar um terreno que sempre alaga. Vou ter que conviver com a condição que eu tenho, no local que eu tenho”, lamenta Rodrigues.
Líder da comunidade da Lomba do Sabão, Marcelo Bicca trabalha para que as pessoas da sua região fiquem em segurança, mas sabe das dificuldades de convencer a saírem de suas casas. “Os moradores vivem com medo, mas tem um sentimento de pertencimento muito grande. Muitos não querem ir embora. Ficamos alertas pra poder fazer uma possível evacuação. É um medo que ronda a gente”, confirma Bicca.
O mestre em Recursos Hídricos Arthur Tschiedel, professor de Engenharia Civil da Faculdade Dom Bosco, fez o estudo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs, de 2017, que aponta riscos de rompimento da barragem Lomba do Sabão. Embora o Dmae desconsidere que exista risco de rompimento imediato, Tschiedel reitera que os estudos que levam em consideração essa possibilidade apontam que os riscos são grandes. “É uma questão probabilística. Uma barragem pode ser segura, mas tem que ter planos em caso de rompimento”, sustenta.
THAYNÁ WEISSBACH/JC
Moradores afirmam que não há planos de evacuação estabelecido pela prefeitura da Capital. Foto: THAYNÁ WEISSBACH/JC
Apesar da recomendação técnica, os moradores relatam que não há planos de evacuação estabelecidos pela prefeitura. Contudo, não acataram a orientação do poder público de deixar o local.

Doutora em Psicologia Social e Institucional, Carmem Giongo atua na Feevale e é autora do livro Barragens, injustiça e sofrimento social no Brasil. Ela aponta que a situação é particularmente delicada pelos riscos de desmoronamento na barragem. “Sempre que uma barragem é construída, todo o terreno da região é prejudicado”, observa. Carmen alerta que as casas estão em um solo que pode desmoronar a qualquer momento, por conta da irregularidade dos terrenos e da força das águas.
A reportagem fez novo contato com o Dmae após ouvir os especialistas sobre os riscos na barragem. De acordo com a assessoria de imprensa do Departamento Municipal de Água e Esgotos, o tema não será tratado no momento, já que a prioridade é o restabelecimento dos serviços de água e a drenagem de áreas inundadas pela enchente em Porto Alegre.

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