Na espera do arrefecimento das cheias que atingem o Estado, as pessoas vivem a expectativa de reaver seus bens materiais e agir rápido para recuperar o que for possível. O delicado caso dos carros submersos há duas semanas deverá ser avaliado com cuidado, principalmente nos primeiros passos.
De momento, quem teve seu veículo afetado pelas águas, pode entrar em contato com a sua seguradora para ver se a empresa deve cobrir os danos conforme o previsto no contrato. Em casos de negativa, o passo a passo é simples.
A professora de Engenharia Mecânica da Pucrs Karina Ruschel alerta que o dono deve, antes de tudo, abrir a porta manualmente com a chave, para evitar acionar o alarme e outros dispositivos eletrônicos. Na sequência, o ideal é desligar a bateria. Caso opte por encaminhá-lo direto ao higienizador ou mecânico, deve-se chamar o guincho.
"Infelizmente com o tempo embaixo d'água, as partes vão se degradando. Principalmente os mais modernos, que tem muitos módulos e sistemas eletrônicos. Já os mais antigos têm um pouco mais de chance de recuperação", detalha Karina. Automotores dos anos 1990 ou mais antigos tem um cenário positivo por conta de sua modelagem, sem muitos componentes tecnológicos.
Vale destacar que mesmo com uma boa limpeza e a reposição das peças necessárias, a vida útil será reduzida. É o que diz Anderson Reinehr, proprietário da Top Sul, loja especializada em higienização de veículos na na Capital: "mesmo que se faça o melhor serviço, todo e qualquer componente que entra em contato com a água acaba danificado. Por isso pode ocorrer de ficar algumas sequelas que não tem como prever".
Por conta da contaminação das cheias, o profissional ainda alerta para a importância de higienizar o interior do auto. "A água é muito barrosa, e isso influencia na questão de contaminação do ambiente que você vai entrar. Tudo ali vira vírus e bactéria, porque envolve o esgoto".
Reinehr explica que o custo da limpeza pode variar entre R$ 600 e R$ 2,5 mil para carros que ficaram completamente submersos. Além disso, os gastos em uma oficina também são consideráveis.
De acordo com o professor de Engenharia Mecânica da Unisinos Daniel Silva, os valores devem ultrapassar a cifra de R$ 2 mil. Ele reafirma a importância de não ligar o veículo em hipótese alguma. "Se ligar o motor cheio d'água ele é destruído e o prejuízo vai para a casa dos R$ 20 mil ou mais".