Com muitas regiões gaúchas em nível máximo de urgência de ajuda ao mesmo tempo, o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), em Porto Alegre, foi transformado em heliponto temporário para recebimento e distribuição de doações aos atingidos pelas enchentes. Desde que o tempo melhorou, na última terça-feira (14), dezenas de aeronaves pousam e decolam do local com os mantimentos necessários a cada localidade.
Inicialmente, a Secretaria do Esporte e Lazer (SEL) do RS, responsável pelo local, fazia o compartilhamento dos donativos que excediam às necessidades das 200 pessoas abrigadas no ginásio por meio de caminhões aos municípios que podiam ser acessados por terra. Mas, com a contribuição de helicópteros públicos e privados, o potencial de circulação foi ampliado.
“A partir dessa ajuda, estamos conseguindo chegar inclusive a municípios que estão ilhados. Então é muito importante que as pessoas sigam doando para cá. Ontem foi material para Guaíba, Eldorado, Estrela, Cotiporã, Muçum, Santa Teresa, entre outros”, relata o titular da pasta, Bruno Ortiz Porto.
Como este tipo de aeronave comporta um peso limitado, as equipes que estão trabalhando no Cete encaminham as roupas, alimentos e outros materiais de forma bastante assertiva. “Tem locais que precisam de colchão, de cobertor, de água. Em outros, a falta é de remédio e comida. Nossos esforços são para conseguirmos nos organizar para entregar exatamente o que se necessita”, explica Porto.
Por esse motivo, o secretário faz um apelo para que as contribuições não cessem e por mais voluntários para ajudar nesta demanda nova. Ele explica que as centenas de pessoas auxiliam na separação de roupas, mantimentos, acolhimento e recreação. Mas, com este novo canal de socorro às vítimas, precisa-se de gente para abastecer os helicópteros.
O bancário Otaviano Carvalho, 60 anos, está há mais de 10 dias trabalhando como voluntário no Cete. Apesar de a sua casa na Capital estar a salvo das águas, ele afirma se sentir gratificado em poder contribuir: “Sabemos que podemos ajudar tantas pessoas que estão em situação crítica, como os de Arroio do Meio e outros que precisam muito de nós”.
Para agilizar os benefícios que estão sendo concedidos aos atingidos pela tragédia climática, uma equipe da prefeitura dirigiu-se ao Cete para fazer o atendimento às famílias asiladas em relação ao Cadastro Único do governo Federal (CadÚnico). O objetivo das visitas aos alojamentos para atualizar dados é fazer novos cadastros e oferecer consulta do benefício do Programa Bolsa Família. A ação é realizada das 9h30min às 12h e das 14h às 17h e se estende aos mais de 150 abrigos emergenciais para orientar os acolhidos.
Acolhida no centro esportivo, a trabalhadora de reciclagem Sinara Sales, 43 anos, estava na fila para conferir se o valor a que tem direito entrará de forma integral nesse mês. “Eu estava recebendo menos, mas eu retirei uma filha que se casou do cadastro e o valor passou a entrar com desconto. Agora quero ver como está a minha situação”, descreve.
Segundo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), quem saiu do seu domicílio em decorrência da situação de calamidade não precisa realizar atualização cadastral no momento. Entretanto, aumentou a busca por novas inscrições aumentou desde o início das enchentes, por isso a ação foi concebida. Aqueles que não possuem documento, perderam o cartão ou documentos pessoais, devem aguardar a orientação do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) nos próximos dias.