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Publicada em 08 de Maio de 2024 às 14:59

Famílias atípicas são recebidas em abrigos especiais para afetados pelas cheias

O Colégio Rainha do Brasil, das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, acolhe autistas e suas famílias

O Colégio Rainha do Brasil, das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, acolhe autistas e suas famílias

TÂNIA MEINERZ/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
*colaborou Luciane Medeiros
*colaborou Luciane Medeiros
Deixar sua casa, seus pertences, sua rotina e partir rumo ao incerto já é angustiante por si só. Para pessoas com deficiências, autismo, doenças crônicas e transtornos de saúde mental, esta situação torna-se ainda mais desafiadora. Pensando nisso, diversos locais do Estado contam com estruturas especiais a fim de melhor acolher as chamadas famílias atípicas que estão desabrigadas por causa da enchente histórica que afeta o Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, a Escola Especial para Surdos Frei Pacífico, das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, faz um trabalho de acolhimento de pessoas de baixa visão, deficientes auditivos e cadeirantes. Parte da mesma congregação, o Colégio Rainha do Brasil, está com suas portas para acolher desabrigados, e conta com uma estrutura planejada para receber autistas e seus cuidadores. Até a manhã de quarta-feira (8), o local mantinha seis famílias e ainda contava com mais 10 camas sobrando.
Conforme explica a Irmã Maria Raimunda da Rocha, uma área na Casa das Irmãs foi separada para receber famílias com integrantes no espectro. “É um lugar mais silencioso, temos uma pracinha ao ar livre, e um refeitório amplo. Os autistas têm um ritmo deles, têm seus horários e são seletivos na alimentação”, explica a religiosa.
Voluntária no abrigo, a psicopedagoga e especialista em análise do comportamento aplicada, Chana Moller Caetano, 45 anos, acredita que esse olhar especial ajuda a diminuir o sofrimento dos autistas e de quem os acompanha. “Uma das principais preocupações é com a sensibilidade auditiva dessas pessoas. Nesse sentido, nós mantemos o ambiente tranquilo e também distribuímos abafadores de ruídos. Tudo pensado para o melhor conforto deles”, detalha Chana.
A coordenadora da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Silzá Tramontina, lembra outra necessidade fundamental para este grupo: a medicação. “O Simers (sindicato médico), por exemplo, está se mobilizando para isso, para ter uma escala de médicos e psiquiatras junto com a Associação de Psiquiatria do RS para organizar isso”, destaca.
Nessa linha, o Clube Social Pertence, além de arrecadar fundos e produtos para doações, faz um trabalho de levantamento de informações sobre essa população para que as ajudas sejam mais assertivas. “Temos dados muito defasados sobre o número de pessoas com deficiência intelectual no Brasil. Os dados do IBGE ainda são de 2010, então estamos fazendo um levantamento em Porto Alegre e na Região Metropolitana para entender aonde estas pessoas estão para conseguir ajudá-las”, relata o presidente da instituição, Victor Freiberg.

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