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Publicada em 08 de Maio de 2024 às 12:26

Apesar da baixa do nível do Guaíba, água avança pelo Centro de Porto Alegre

Centro de Porto Alegre inundado pela enchente. Trabalhadores de operadoras de telefonia e comunicação da empresa BRDigital. Ab. Borges de Medeiros, próximo ao Mercado Público

Centro de Porto Alegre inundado pela enchente. Trabalhadores de operadoras de telefonia e comunicação da empresa BRDigital. Ab. Borges de Medeiros, próximo ao Mercado Público

/TÂNIA MEINERZ/JC
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Júlia Fernandes
Nesta quarta-feira (8), às 10h, em sua última medição, o Guaíba registrou 5,8 metros. Apesar do nível mais baixo, no Centro Histórico de Porto Alegre, a água avança nas principais vias: Borges de Medeiros, Rua dos Andradas e Uruguai.
Nesta quarta-feira (8), às 10h, em sua última medição, o Guaíba registrou 5,8 metros. Apesar do nível mais baixo, no Centro Histórico de Porto Alegre, a água avança nas principais vias: Borges de Medeiros, Rua dos Andradas e Uruguai.
Ainda no domingo (5), quando o lago alcançou 5,33 metros, o maior já registrado na história, o alagamento não havia chegado em alguns prédios, como foi observado na manhã desta quarta. Sobre a água suja, uma grande quantidade de lixo acumulado e produtos variados de comércios da região boiavam.
O silêncio e o cheiro constante de lixo, colaboram para o cenário de "cidade fantasma". Moradores do Centro, que ainda permanecem na parte mais alta da região, estão preocupados com o avanço da água. Laudemir Machado de Figueiredo reside no bairro há 20 anos, e conta que duas vezes ao dia vai até o limite do alagamento tirar fotos para acompanhar o nível da água. “Eu moro em um prédio de 78 famílias e hoje temos oito famílias ali. O resto foi embora. Estou monitorando diariamente, às 8h e às 18h e percebi que a água não baixou”, relata.
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Em uma entrevista ao Jornal do Comércio, o engenheiro ambiental Iporã Possantti, hidrólogo, mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e doutorando do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), afirma que, mesmo com a estabilização do nível do Guaíba, a água vai avançar mais pela cidade. "Porto Alegre está num nível menor que o Guaíba. Fizemos um mapeamento das áreas inundadas. Onde não está inundado ainda vai estar, porque a água continua entrando na Capital. Vai entrar mais água na Capital", afirma.

Em lugares em que a água ainda não chegou, comerciantes tentam construir barricadas com sacos de areia nas portas de seus negócios para tentar escapar da inundação ou pelo menos diminuir os prejuízos. Capinhas de celular, produtos de farmácia, brinquedos, que eram encontrados boiando, são levados por pessoas que passavam pelo local.
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Pessoas em situação de rua e animais, também afetados pela cheia, vagavam em busca de lugares secos para se abrigarem. A maioria se concentra na Rua 24 Horas, entre a General Andrade de Neves e a Andradas. Próximo do local, na General Câmara, voluntários trabalhavam para distribuir lanches aos que vivem nas ruas do Centro. O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) abriu as portas para recolher donativos e usam a cozinha local para fazer lanches e marmitas.
Tânia Meinerz/JC


“Desde sexta-feira, distribuímos em torno de 750 quentinhas por dia, entre café da manhã, almoço e janta. Estamos beneficiando o pessoal do Centro, as pessoas (em situação de rua) que ficam desassistidas durante a noite. Os lanches também vão para a região da Avenida Benjamin Constant, onde o pessoal da Farrapos está se direcionando para ali, e vamos para as comunidades”, afirma Sandro Rodrigue, da diretoria do SindiBancários.

De acordo com o boletim divulgado às 12h desta terça-feira (8) pela Defesa Civil, já são 100 mortes devido às cheias no Rio Grande do Sul, com outras quatro mortes em investigação. Até o momento, mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas no Estado.

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