Nesta terça-feira (07), imagens de um jacaré na Avenida Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, circularam pelas redes sociais. No vídeo, o animal aparece em meio às águas da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul.
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As imagens trouxeram medo e dúvidas à população. O que fazer quando se deparar com um jacaré? Há algum risco? O animal vem de onde, exatamente? Essas dúvidas foram respondidas em entrevista ao Jornal do Comércio pelo diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS, Nelson Fontoura.
Jornal do Comércio - Como esses animais foram parar no centro de Porto Alegre?
Nelson Fontoura - O jacaré sempre fez parte da fauna silvestre presente ao longo da Orla do Guaíba, principalmente ali no Delta do Jacuí. Na área urbana, eles não costumam aparecer porque o movimento das pessoas os afugenta. Quando há uma enchente, é natural que o animal acabe explorando o ambiente e seja, até mesmo, arrastado pela correnteza, chegando na cidade.
JC - Eles representam algum risco? O que fazer ao se deparar com o animal?
Fontoura - Eles não representam risco algum. Sempre estiveram no entorno e não existem registros de acidentes com jacarés no Rio Grande do Sul. Se alguém se aproximar dele, é até provável que ele fuja. Devido ao momento catastrófico que atravessamos no Estado, acredito que não seja prudente mobilizar a estrutura pública para resolver essa situação. Entretanto, caso a pessoa ache necessário, ela pode acionar o Batalhão Ambiental da Brigada Militar.
JC - Também circulou recentemente um vídeo de pessoas que mataram um jacaré atropelado e depois se alimentaram do animal. Dadas as atuais circunstâncias, qual o risco que isso representa à saúde? Esse ato configura crime?
Fontoura - Primeiro, o jacaré faz parte da fauna silvestre, matá-lo e comê-lo é crime ambiental, está previsto no Código Penal. Segundo, do ponto de vista de saúde, não vejo problema na ingestão. A partir do momento em que a carne é devidamente cozida, os riscos desaparecem.