Além do risco de contaminação por leptospirose, outras doenças podem ter um aumento no número de casos neste período de enchentes no Rio Grande do Sul ou um agravamento. O alerta é do coordenador da Câmara Técnica de Infectologia do Cremers, Paulo Ernesto Gewehr Filho.
Hepatite A, gastroenterites e quadros de diarreias, por exemplo, também estão associadas a situações de cheias. “Sei de casos de diarreia infantil e crianças que estão precisando de soro de reidratação e está faltando nos abrigos”, conta o especialista.
Outro problema são as picadas e mordeduras de animais como escorpião, cobras e aranhas. Habituados a ficarem em lugares mais escondidos, eles também tiveram seus habitats inundados e agora estão mais expostos ao contato com os seres humanos. É preciso muito cuidado ao manusear caixas e outros objetos que possam servir de esconderijo para esses animais.
A interrupção nos tratamentos crônicos de doentes pela falta e dificuldade no acesso às medicações de doenças cardíacas, psiquiátricas, diabetes e outras enfermidades importantes potencializa a chance de crises agudas.
“E uma outra crise que estamos enfrentando é a desestruturação da nossa rede de saúde pública e também a privada porque as unidades estão fechadas e os trabalhadores da saúde não estão conseguindo chegar aos locais de trabalho. Nesse sentido, são várias crises que estão se montando e depois, mesmo com a água baixando, ainda vai ter reflexo na saúde das pessoas por um bom tempo, infelizmente”, projeta.
Em Porto Alegre, diversas unidades de saúde estão fechadas e em outras o atendimento ocorre com equipe reduzida. Os hospitais também foram afetados, com cancelamentos de alguns procedimentos. No sábado (4), o Hospital Mãe de Deus começou a remover os pacientes para outras instituições após a Emergência ser alagada.
Segundo Grewer, outros desastres naturais servem como exemplo para mostrar que várias ondas de problemas e de desafios vão surgir ao longo do tempo e será preciso resolver da melhor maneira. “As questões que a gente está resolvendo agora, muito provavelmente daqui talvez 10 a 15 dias não vão estar mais tão importantes, mas vão surgir outras”, afirma o médico.
Saiba mais outras doenças que podem ser agravadas devido às cheias no RS
- Hepatite A - é transmitida por um vírus encontrado em alimentos que ficaram em contato com a água das inundações ou em meio ao barro e muito menos essa água. Isso vale para alimentos frescos, como verduras e legumes, e também embalados e embutidos.
- Tétano - os ferimentos e cortes ocasionados por acidentes com galhos e outros objetos durante as cheias podem ser a porta de entrada para a bactéria Clostridium tetani, que causa o tétano acidental.