O cenário na Zona Norte de Porto Alegre, nas proximidades da avenida Benjamin Constant, uma das mais tradicionais vias da Capital, é de catástrofe. Na manhã desta segunda-feira (6) diversas pessoas residentes em locais como as avenidas Brasil, São Pedro e Pátria e a rua Cairú eram socorridas de barco, por caminhões do Exército, ou vinham a pé.
No viaduto José Eduardo Utzig, na confluência da avenida Benjamin Constant com a rua Pereira Franco, onde foi montado um "hospital de campanha", havia ambulâncias do Samu, e a presença de policiais militares e civis, do Corpo de Bombeiros Militar e do Exército para atender às vítimas que deixaram suas casas que foram alagadas em razão das enchentes. Os voluntários criaram um "cordão de isolamento" para as pessoas que eram resgatadas de barco recebessem no local os primeiros atendimentos.
Além do acolhimento para as vítimas, o "hospital de campanha" montado no viaduto José Eduardo Utzig tinha espaço destinado para o atendimento de cães e gatos que foram salvos durante o alagamento dos bairros da região. A estudante de veterinária Giovana Lumertz disse que os animais chegaram com hipotermia e foram medicados com dipirona para combater a febre. Mais de 10 animais aguardavam por seu tutores.
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Na avenida Brasil e também na rua Cairú, a todo o momento chegavam caminhões do Exército carregados de pessoas resgatadas nas regiões dos bairros Humaitá e Vila Farrapos. Na avenida Brasil com a Benjamin Constant, o casal Ana Carolina e Luiz Miguel, moradores do bairro Humaitá, deixaram a sua dentro de um freezer que foi achado na rua. Acompanhados dos dois cachorros Yron (rottweiler) e Duque (dobermann) eles saíram de casa às 8h45min e chegaram na avenida Brasil às 11h. Luiz Miguel empurrou o freezer com Ana Carolina e os dois cães. "Está desesperador. Nunca tinha visto uma situação como essa", comenta Ana Carolina. O casal, na companhia dos dois cachorros, ia para a casa de parentes.
Soldados do Exército realizaram o resgate de pessoas atingidas pelas enchentes na zona Norte da Capital FOTO: Tânia Meinerz/JC.
Residentes no bairro Humaitá, o casal Valentina Parlatto e Richard Centeno, que estavam com filho Christopher, de três anos, chegaram em colchão inflável. Eles levaram quase três horas para chegar até a avenida Brasil. "A minha rua Professor João de Souza Ribeiro está sem luz e sem água. É um cenário desolador", afirmou Valentina, que está grávida. Joseane Andrade, proprietária da estofaria Derli Dias, localizada na avenida Ceará, estava com o seu estabelecimento completamente alagado. "Estamos tentando realizar um levantamento dos estragos", destaca. Joseane Andrade também ajudou a transportar duas médicas que prestaram socorro a uma senhora que sofreu um infarto na avenida Benjamin Constant.
Moradores do bairro Humaitá deixaram o bairro utilizando um freezer e um colchão inflável FOTO: Tânia Meinerz/JC.
No lado Norte, a rua Pereira Franco que permite o acesso de quem vem do interior do Estado para acessar a Zona Sul de Porto Alegre, estava totalmente alagada. O mesmo aconteceu no sentido Sul/Norte na rua Souza Reis, que permite que os motoristas cheguem até o Aeroporto Internacional Salgado Filho. A via ficou totalmente alagada e estava sendo utilizada como base de barcos e jet ski para levar lanches e água para as famílias que estavam abrigadas temporariamente na estação Farrapos da Trensurb.