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Publicada em 05 de Maio de 2024 às 15:43

Mais de 400 moradores de Canoas são abrigados em municípios vizinhos

Cristine, o marido Júlio César e os três filhos estão no CTG Guapos da Amizade

Cristine, o marido Júlio César e os três filhos estão no CTG Guapos da Amizade

Eduardo Torres/Especial/JC
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Eduardo Torres
De Cachoeirinha
De Cachoeirinha
A cozinheira Carina dos Santos, de 45 anos, resistiu o máximo que conseguiu com o marido e os quatro filhos, na casa onde a família vive há 20 anos no bairro Rio Branco, em Canoas. Até que a água, quando já batia na altura do seu peito, na noite deste sábado (4), não parou mais de subir. A cidade tem 60% do território tomado pela água. 
"Parecia um filme de terror, com gritos de pânico e de repente, um silêncio. Eu fui uma das pessoas que não acreditava que isso poderia acontecer. Quando falavam em enchente, achei que a água chegaria até a canela, como em outras vezes, mas no sábado começou a subir. Estava na altura do meu peito quando fomos para o telhado da casa e pedimos socorro. O pessoal com os barcos ainda estava socorrendo as pessoas que estavam em situação pior. Mas a água subiu mais, e conseguimos escapar para a casa de um vizinho, de dois pisos, puxados por uma corda. Quando a água chegou no segundo piso, fomos socorridos. Perdemos tudo", conta ela.
Eduardo Torres/Especial/JC
Assim como ela, boa parte da família, moradora do mesmo bairro, também teve as casas completamente cobertas pela água. Já sem vagas em abrigos de Canoas, Carina e a família foram levados por voluntários até o município vizinho, de Cachoeirinha. E este foi o caminho de pelo menos 400 pessoas daquele município, abrigadas entre Cachoeirinha e Gravataí. As duas cidades do Vale do Gravataí recebem também moradores atingidos em regiões como a Vila Farrapos, em Porto Alegre.
A cozinheira foi levada para o CTG Guapos da Amizade, onde outras 70 pessoas estavam abrigadas - somente uma família de Cachoeirinha, e o restante de Canoas. O local, no bairro Vista Alegre, tornou-se um dos pontos de intensa movimentação na manhã deste domingo. Desde pessoas ainda buscando abrigo até voluntários e moradores locais trazendo mantimentos, em uma corrente de solidariedade que toma conta da região.
Entre as pessoas que procuravam o CTG estava Cristine Lemos, 47 anos, e o marido, Júlio César, 67, com os três filhos, de oito, seis e dez anos. Haviam deixado para trás do apartamento no térreo de um conjunto habitacional no bairro Fátima, em Canoas. Não havia mais para onde escapar, quando a água, depois de ter destruído o apartamento da família, também chegou ao segundo piso do prédio e avançava.
"Só deu para salvar algumas coisas que botamos em um saco de lixo. E é o que estamos carregando, com a roupa do corpo. Tivemos que sair de barco, com tudo o que tínhamos em casa perdido para a água. Mas eu tenho certeza que vamos nos reerguer", disse Cristine.
Depois de alguns minutos esperando por um lugar no próprio CTG, já lotado, uma mobilização de voluntários encontrou lugar para a família em outro dos abrigos de Cachoeirinha.
Eduardo Torres/Especial/JC
No município, que contabiliza mais de 2 mil pessoas entre desalojadas e desabrigadas, foram organizados pelo menos dez abrigos entre igrejas, associações, escolas e CTGs. Situação semelhante acontece em Gravataí, onde há um total de 1,2 mil pessoas desalojadas e 155 desabrigadas, com pelo menos quatro estruturas realizando o abrigo a essas famílias. Nos dois municípios, são necessárias doações especialmente de materiais de higiene, limpeza, roupas de cama, água e alimentos não perecíveis.
Além de Canoas, Gravataí e Cachoeirinha continuam em alerta para o nível do Rio Gravataí, que seguiu subindo durante a madrugada e ultrapassou os 6 metros na região do Passo das Canoas, em Gravataí. Com o vento norte no começo da tarde deste domingo, o risco de represamento do rio em relação ao Guaíba é reduzido. São considerados em risco, já com família removidas, os bairros Vila Rica, Novo Mundo, Caça e Pesca, Mato Alto e Passo das Canoas em Gravataí, e Parque da Matriz, Eunice Velha, Vila Cachoeirinha, Veranópolis em Cachoeirinha.

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