Os 25 abrigos disponibilizados pela prefeitura de Porto Alegre já estão lotados. A informação foi dada pelo secretário de modernização e gestão projetos, Rogério Beidacki, em entrevista neste domingo (5) ao Jornal do Comércio. Beidacki responde pelas questões relacionadas aos locais ofertados aos desalojados e desabrigados na Capital.
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Segundo ele, até o momento, são 40 abrigos cadastrados em Porto Alegre. Em torno de mais 15 foram abertos por associações e entidades que não têm ligação com o poder público, como escolas, igrejas, entre outros. "Vale ressaltar que esse número está em constante crescente. A cada hora que passa são cadastrados novos locais prontos para receber as pessoas. O número de resgatados está aumentando também. Eram 5 mil, agora já são mais, com certeza", afirma o secretário.
Beidacki também faz um apelo àqueles que querem ajudar de alguma forma. "Peço que levem apenas água para os abrigos. O restante dos donativos devem ser encaminhados nos pontos de coleta. Sugiro o CREMERS ou a AMRIGS. O principal são colchões e água. Comida temos bastante."
Dentre os milhares de resgatados, encontram-se Isabel Goulart Mello e Janaína Cestrari. Ambas estão em segurança no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE). Porém, tiveram de sair de casa às pressas deixando tudo, ou quase tudo, para trás.
As duas moravam relativamente perto uma da outra, na Avenida Voluntários da Pátria. "Eu saí quando a água estava perto da cintura. Amigos meus tiveram que carregar meus sobrinhos no colo. Quem me resgatou foi a Brigada Militar na altura da Farrapos. Essa foi a primeira vez que tive que sair de casa por causa de enchente", relata Janaína, que está há um ano esperando um auxílio do INSS que não chega, e não vê solução cabível no momento para a situação que vive.
Isabel conseguiu trazer os filhos até o CETE. "Chegamos aqui no abrigo no dia 3, por volta das 19 horas. Não consegui salvar quase nada, tive que deixar meus gatos para trás. Moro há 25 anos ali na Voluntários e o que está acontecendo é algo inimaginável. A gente vai precisar de muito apoio", declara.
No CETE, quem está responsável pelos voluntários é a ADRA Brasil, Agência Humanitária da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O diretor da ADRA Daniel Frittoli fez um pedido especial a quem se disponibiliza ao voluntariado. "Aqui no Centro Estadual de Treinamento Esportivo temos mais pessoas do que precisamos. Existem outros abrigos que necessitam de auxílio. Então solicito para aqueles que tiverem tempo, disponibilidade e vontade que procurem lugares que necessitam de ajuda", orienta Frittoli.
Ele ainda faz uma projeção para os próximos dias de trabalho. "Até a terça-feira já estamos com o cronograma cheio de voluntários. A minha preocupação é com os próximos dias e semanas, porque ainda é algo que vai demorar a ser resolvido. Agora estamos vendo muito gente se prontificando, mas não posso garantir que isso seguirá assim futuramente", afirmou.