Segue dramática a situação das cheias no Rio Grande do Sul, onde a tendência é de que os rios ainda demorem alguns dias para começarem a baixar. Na live das 12h deste sábado, em seu perfil no Instagram, o governador Eduardo Leite alertou que, embora o volume de chuvas esteja diminuindo, o alerta segue ligado, principalmente para áreas próximas a cursos d’água.
Desde segunda-feira (29/4), houve mais de 800 milímetros de precipitação sobre o Estado. Água que vem descendo pelos cursos e pode fazer submergir bairros inteiros.
O Rio Jacuí, por exemplo, já não respeita mais as curvas do leito e, em grande volume, passa por cima de áreas de Eldorado do Sul e Guaíba, com correnteza e força. E segue em sentido a Canoas, também muito atingida. Mesmo com diques de contenção, a estrutura não conseguiu segurar a natureza. Moradores do bairro Mathias Velho tiveram de evacuar a área, bastante afetada.
“Estamos com suporte de equipes resgatando pessoas em diversas localidades. Botes, lanchas, Jet-skis e aeronaves estão sendo utilizados. O Hospital de Pronto-Socorro de Canoas foi atingido pela água. O gerador colapsou. Estamos efetuando o resgate de pacientes”, informou Leite.
O governador voltou a alertar que não haverá como socorrer a todos que estiverem em áreas atingidas e a pedir que as pessoas abandonem essas regiões. São Leopoldo também foi muito atingida, além de Novo Hamburgo e Campo Bom, em alguns trechos. Porto Alegre, mesmo com sistemas de contenção, registra muitos alagamentos. A situação é crítica no entorno da Arena do Grêmio, na Fiergs e adjacências. Igualmente, a região das ilhas, o sul da Capital e Barra do Ribeiro.
Da Sala de Situação montada no Palácio Piratini, Leite explicou que o nível do Guaíba deve seguir oscilando em torno da marca de 5m pelo menos nos próximos três dias, antes de começar a baixar. E talvez demore até 10 dias acima dos 4m. Um prognóstico ruim na relação com a cheia de 1941, quando a água baixou mais rapidamente.
“Mas também pela Lagoa dos Patos, municípios da Costa Doce serão afetados, com a demora no escoamento. Mesmo sem chuva, a água vai subir por lá. É preciso fazer esse alerta para a região. É um cenário crítico. Busquem Defesa Civil e evacuem, se for a orientação”, disse o hidrólogo Pedro Camargo, ao lado de Leite.
E ainda há chuva para acontecer, nas regiões Norte e Nordeste e também no Centro do Estado, ao longo do final de semana, ainda que o volume esteja diminuindo, disse a meteorologista Cátia Valente.
“A extensão dos estragos é muito grande, em muitos lugares ao mesmo tempo. Faremos uma operação de guerra, com Forças Armadas, sociedade civil, empresas. Esforço para mitigação, para levar alimentos, água, abastecimento e medicamentos. Há dificuldade de energia também. E a chuva, ainda que pouca, atrapalha a recuperação de estruturas. E a situação dos ventos também é determinante. Estamos fazendo reparos em estrada, encostas, abrindo passagem. Há muita gente em campo, mas, ainda, muito a ser feito”, completou o governador.