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Publicada em 02 de Maio de 2024 às 17:44

Rio Grande do Sul sofre com a maior tragédia climática da história

Alagamento nas Ilhas de Porto Alegre fez com que moradores tivessem de sair às pressas das residências

Alagamento nas Ilhas de Porto Alegre fez com que moradores tivessem de sair às pressas das residências

TÂNIA MEINERZ/JC
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Bárbara Lima e Juliano Tatsch
O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática de sua história. A chuva intensa e incessante que cai no território gaúcho desde a madrugada de segunda-feira (29) deixa um rastro de destruição e dor. São ao menos 154 municípios afetados pelas cheias dos rios, deixando 4,6 mil pessoas em abrigos. Já são 29 óbitos confirmados além de outras 60 pessoas desaparecidas no Estado. 
O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática de sua história. A chuva intensa e incessante que cai no território gaúcho desde a madrugada de segunda-feira (29) deixa um rastro de destruição e dor. São ao menos 154 municípios afetados pelas cheias dos rios, deixando 4,6 mil pessoas em abrigos. Já são 29 óbitos confirmados além de outras 60 pessoas desaparecidas no Estado. 
“Já é e será o pior desastre climático do nosso Estado”, enfatizou o governador Eduardo Leite nesta quinta-feira (2) ao participar de reunião de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula desembarcou em Santa Maria no meio da manhã chefiando uma comitiva de ministros para avaliar os estragos causados pelas chuvas.
Os números da tragédia climática não param de aumentar com o passar das horas. No início da tarde desta quinta, eram 141 trechos de rodovias interditados por alagamentos ou desmoronamentos.
Conforme o general Hertz Pires do Nascimento, comandante do Comando Militar do Sul, foram 534 milímetros de chuva no Estado desde o início do evento climático. Hertz é o comandante conjunto das ações militares relacionadas à emergência climática.
"Mais de 150 pontos de pontes, estradas que foram rompidas, deslizamentos de terra e tantos outros que ainda vão acontecer. Precisamos evitar perdas de vidas neste momento", destacou Leite na reunião com Lula, dando uma dimensão dos estragos e dos esforços de reconstrução que serão necessários.
O aumento do nível dos rios é o que mais preocupa. O rio Caí estava em 16,95 metros na tarde desta quinta, sendo que a cota de inundação é de 10,5 metros. No rio Taquari, o nível das águas chegou a marca histórica de  34,04 metros em Estrela, onde a cota de inundação é de 19 metros. Conforme a MetSul Meteorologia é aprimeira vez que o Taquari supera a marca de 30 metros desde o começo das medições há um século e meio.
A situação na região piorou com o rompimento parcial da barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves. Com o rompimento, o nível das águas dos rios das Antas e Taquari tende a aumentar ainda mais. O prefeito de prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira projetou risco de que os rios chegassem à marca de 4 metros.

Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o lago Guaíba também ultrapassou a cota de inundação, que é de 3 metros no Cais Mauá, em Porto Alegre. Por volta das 15h, a régua no Cais já apontava a marca de 3,09m. Pela manhã, a prefeitura da Capital fechou as comportas da cidade para reduzir o impacto da cheia do Guaíba na cidade.
Segundo levantamento da MetSul, é apenas a quarta vez desde 1941 que o Guaíba transborda no Centro de Porto Alegre. "As vezes anteriores foram em setembro de 1967 (3,11 metros), setembro de 2023 (3,18 metros) e novembro de 2023 (3,46 metros)", aponta a empresa de meteorologia, alertando que "todas estas marcas serão facilmente superadas e o Guaíba pode atingir marcas somente vistas na enchente de 1941."
De acordo com a meteorologista da MetSul, Estael Sias, este é, de fato, o evento climático mais extremo que o Estado já enfrentou. "Com toda a certeza é a pior tragédia climática do Rio Grande do Sul. Os volumes são extraordinários, as cheias nos rios, que ainda estão aumentando, já ultrapassaram cotas históricas. O Rio Taquari, desde o início dos registros, não teve 33 metros em Lajeado", refletiu. Ela alertou ainda para a elevação do rio Jacuí. "A gente ainda está passando pela fase de elevação e já tem cotas altíssimas e históricas no Rio do Sinos, na Bacia do Caí, no Guaíba também". 
Estael afirma que somente semana que vem se poderá ter uma noção mais clara do número de vítimas e estragos, pois há previsão de chuva até sábado. "Do ponto de vista das chuvas é a pior tragédia e das cheias do rios também. Está atingindo muitas pessoas ao mesmo tempo. Não temos a dimensão total da destruição, porque ainda vai chover de sexta para sábado. Somente na semana que vem teremos uma ideia mais clara de número de vítimas, de desabrigados e municípios afetados". 
Confira os números dos desastres climáticos recentes no RS
Setembro de 2023

Número de mortes: 54 mortes
Número de municípios afetados: 93
Número de pessoas que deixaram suas casas: 25 mil
Número de pessoas afetadas: 673 mil

Novembro de 2023

Número de mortes: 5
Número de municípios afetados: 237
Número de pessoas afetadas: 700 mil
Número de pessoas que deixaram suas casas: 28 mil

Janeiro de 2024

Número de mortes: 1
Municípios afetados: 56
Número de pessoas afetadas: 14 mil
Número de pessoas que deixaram suas casas: 153

Abril/Maio de 2024 (até agora)
Número de mortes: 29
Número de desaparecidos: 60
Número de municípios afetados: 154
Número de pessoas afetadas: 71,3 mil
Número de pessoas que deixaram suas casas: 14,5 mil

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