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Publicada em 24 de Abril de 2024 às 14:22

Dia do Chimarrão: mais que uma tradição, o mate faz parte da identidade do gaúcho

Hábito coletivo, o mate une as pessoas e cria memórias afetivas

Hábito coletivo, o mate une as pessoas e cria memórias afetivas

JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
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Juliano Tatsch
Juliano Tatsch Editor-assistente
Um hábito que passa de pai para filho, de avó para neto, de amiga para amiga, dos mais velhos para os mais novos, de geração para geração. Quem chega ao Rio Grande do Sul em um ensolarado e calorento dia de verão logo estranha esse costume tão gauchesco de sorver o mate quente sob o sol em uma manhã de domingo no parque. Para os de fora, é difícil de entender e, para os dentro, explicar também não é fácil. Mas, afinal, o que o chimarrão significa para os gaúchos?
Um hábito que passa de pai para filho, de avó para neto, de amiga para amiga, dos mais velhos para os mais novos, de geração para geração. Quem chega ao Rio Grande do Sul em um ensolarado e calorento dia de verão logo estranha esse costume tão gauchesco de sorver o mate quente sob o sol em uma manhã de domingo no parque. Para os de fora, é difícil de entender e, para os dentro, explicar também não é fácil. Mas, afinal, o que o chimarrão significa para os gaúchos?
Tradição é palavra mais usada para definir, mas a representação do mate para quem vive no RS – principalmente para os que nasceram aqui, mas não só para eles – ultrapassa esse conceito. Os gaúchos não bebem o chimarrão apenas porque ele faz parte da tradição do RS. Não se trata apenas de uma espécie de obrigação moral com os antepassados e com a comunidade em que se está inserido. Vai além disso.
O chimarrão faz parte da identidade regional, da identificação como pertencente a esta terra no extremo-sul do Brasil. O mate não é somente uma bebida saborosa, ele é um companheiro das manhãs frias no Pampa, um parceiro dos fins de tarde depois de um cansativo dia de trabalho na cidade.
Há quem se autodenomine viciado na bebida. Mas a palavra carrega consigo um significado negativo que não condiz, de fato, com essa relação entre o gaúcho e o mate. Não é um vício. Ninguém se diz viciado em beber água, ou em tomar o café da manhã, ou viciado em almoçar ou em colocar os sapatos para sair de casa.
O chimarrão é isso para os gaúchos. Sem ele, o dia não está completo, a sensação é de que algo importante está faltando.
O mate une. Diferentemente de todas as outras bebidas, o chimarrão é um hábito coletivo. Passar a cuia para quem está ao lado enquanto a conversa se espalha pela roda, sorver o mate em família, com os amigos, com um amor. Isso é criar memórias afetivas. É disso que estamos falando quando o assunto é a relação do gaúcho com o chimarrão.
Além de tudo isso, o mate tem um papel econômico importantíssimo. Conforme a Emater, por volta de 14 mil produtores rurais cultivam a planta no RS. O Estado conta com mais de 200 indústrias processadoras ervateiras, tendo uma produção que gira em torno das 320 mil toneladas. Sem contar as famílias envolvidas no cultivo do porongo que irá se transformar na cuia.
O mate é isso tudo. Ele é tradição, mas vai além. É união entre as pessoas, é sentimento de comunidade, é memória, é lembrança, é carinho, é geração de renda.
O chimarrão é o gaúcho e o gaúcho, onde quer que vá, onde quer que esteja, carrega o chimarrão, na guaiaca, na mochila, à tiracolo e, principalmente, na alma e no coração.

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