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Publicada em 18 de Abril de 2024 às 20:50

HPS completa 80 anos como referência no Rio Grande do Sul; veja como é a rotina na Instituição

Durante a visita ao pronto-socorro foi perceptível uma demanda maior que a capacidade de atendimento

Durante a visita ao pronto-socorro foi perceptível uma demanda maior que a capacidade de atendimento

/EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar Repórter
Nesta sexta-feira, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) comemora 80 anos de atuação junto à comunidade gaúcha. E, nas vésperas do aniversário da instituição, a reportagem do Jornal do Comércio foi até o bairro Bom Fim com um objetivo: vivenciar como é uma tarde na emergência de uma das principais instituições de saúde do Rio Grande do Sul. Durante o horário visitado, entre as 13h e as 16h30min desta quinta-feira (18), cerca de 110 pacientes, dos mais variados perfis, chegaram ao local em busca de atendimento médico.
Nesta sexta-feira, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) comemora 80 anos de atuação junto à comunidade gaúcha. E, nas vésperas do aniversário da instituição, a reportagem do Jornal do Comércio foi até o bairro Bom Fim com um objetivo: vivenciar como é uma tarde na emergência de uma das principais instituições de saúde do Rio Grande do Sul. Durante o horário visitado, entre as 13h e as 16h30min desta quinta-feira (18), cerca de 110 pacientes, dos mais variados perfis, chegaram ao local em busca de atendimento médico.
Em um primeiro momento, o JC foi recebido pela diretora-geral do HPS, Tatiana Breyer, em sua sala, onde ela destacou que o turno escolhido pela reportagem coincidia justamente com o de maior fluxo do hospital. Conforme explicou, é das 15h às 23h o momento em que a maior parte dos atendimentos médicos são realizados. Em média, cerca de 400 pessoas passam diariamente por um dos mais antigos prontos-socorros gaúchos.
Após, quem ficou encarregada de apresentar a emergência foi a coordenadora do setor, Márcia Cristina Rodrigues. Passando pelas diferentes áreas do local, foi perceptível uma demanda de pacientes bem superior ao que a estrutura da unidade oferece. Em números, para exemplificar, na sala amarela - onde ficam internados os casos de gravidade moderada - estavam 29 pessoas, todas muito próximas uma da outra; na teoria, aquele setor só poderia receber 14 pacientes por vez.
Separamos alguns episódios na emergência do HPS por horário:
13h30min: na entrada principal, pouco mais de 30 pessoas aguardam pela triagem, que é realizada em duas salas simultaneamente. Depois dessa etapa, esses pacientes serão encaminhados para outra recepção - também lotada -, onde esperarão pelo atendimento, conforme suas necessidades.  Posteriormente, por recomendação da Márcia, a reportagem se posicionou próxima à entrada de pacientes via ambulância, na parte dos fundos da emergência. Ali, podia-se perceber o constante fluxo de enfermos, a rotina corrida dos enfermeiros e a angústia de familiares no aguardo de uma notícia. Naquele setor, só se tinha acesso aos casos mais graves;
14h20min: ingressam no saguão do pronto-socorro dois policiais da Brigada Militar acompanhando um homem. De acordo com eles, que não entraram em detalhes sobre o ocorrido, o sujeito havia se ferido no momento da prisão e, após receber alta do hospital, será encaminhado à delegacia. Conforme explicaram alguns funcionários da instituição, não é raro a presença de policiais fazendo acompanhamentos na emergência do HPS, já que o local é referência em traumatologia. Porém, também são muitos os seguranças terceirizados que fazem ronda, impedindo, principalmente, a fuga de pacientes;
14h45min: um homem com muita dificuldade para caminhar e apresentando diversos sangramentos tenta sair pelos fundos do HPS, alegando ter desistido de esperar o atendimento. Contudo, no momento em que chegava próximo à porta, é barrado por um dos vigias e avisado que só poderia deixar o local pela entrada principal;
14h50min: chega trazida de ambulância uma idosa, após ter sofrido uma queda dentro da própria residência. Acompanha-a sua filha, que apresenta um semblante de preocupação enquanto ajuda a transportá-la para dentro do hospital;
15h30min: em um curto espaço de tempo, dois motociclistas vítimas de acidentes de trânsito chegam à unidade. Ambos do sexo masculino, encontravam-se com traumas moderados após colisões de suas motocicletas contra automóveis;
16h: novamente, duas novas vítimas de casos semelhantes ingressam no pronto-socorro. Desta vez, um homem e uma mulher, vítimas de desmaios e consequentes quedas da própria altura. Nenhum caso grave;
16h15min: atravessa o saguão, uma criança, de aproximadamente 10 anos, mancando e com muitos sangramentos no rosto;
16h25min: chega de ambulância um homem, utilizando cadeira de rodas, após ter caído do telhado da própria casa;
16h30min:  Em momentos diferentes, dois homens entram no pronto-socorro, ambos com roupas rasgadas e apresentando sangramentos, mostrando sinais de trauma na face.
Durante a visita à emergência do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, a reportagem pôde testemunhar pelo menos uma parcela do que é a complexidade e intensidade da rotina na instituição de saúde. Os momentos retratados, além de revelar a diversidade de perfis e a urgência dos casos atendidos, também apontam para uma dura realidade de superlotação, onde os pacientes enfrentam um cenário marcado pela espera, muitas vezes prolongada, enquanto os profissionais de saúde correm contra o tempo para garantir um atendimento adequado.

Funcionários relatam o dia a dia agitado na instituição

Profissionais trabalham arduamente no atendimento médico na instituição

Profissionais trabalham arduamente no atendimento médico na instituição

/EVANDRO OLIVEIRA/JC
Para a coordenadora-geral da emergência do HPS, Márcia Cristina Rodrigues, a realidade é clara: o hospital atualmente não dispõe de estrutura suficiente para atender toda a demanda de pacientes. Trabalhando no local há 13 anos, ela enfatiza que a superlotação é enfrentada graças à organização interna dos próprios funcionários.
"Em outros hospitais, quando a emergência atinge sua capacidade máxima, eles a fecham. Aqui, nós sempre a mantemos aberta, independentemente do volume de pacientes. Atualmente, até conseguimos manter uma organização satisfatória, mas nosso momento de maior tensão foi entre abril e maio do ano passado, quando experenciamos um aumento significativo na demanda. Para se ter uma ideia, na sala amarela, projetada para receber 14 pessoas, chegamos a ter 45 pacientes internados durante esse período", destaca. 
Corroborando com as palavras de Márcia, o segurança terceirizado Ricardo Martins, de 43 anos, relata que sua principal responsabilidade no dia a dia é evitar que os pacientes fujam, mas destaca que o maior desafio é controlar o constante fluxo de ambulâncias, que "não para nunca".
"É um movimento contínuo. Pacientes de todos os tipos chegam a todo momento. É praticamente impossível calcular quantas vezes as ambulâncias entram e saem do hospital diariamente", afirma.
 
Em paralelo, um enfermeiro, que preferiu não se identificar, expressou otimismo em relação ao recente anúncio de expansão na estrutura do hospital, prevista para 2025. Ele enfatizou que é particularmente desafiador exercer a profissão quando os recursos e o espaço físico são limitados. "Com mais espaço, poderemos oferecer um atendimento mais eficiente e de maior qualidade aos nossos pacientes", finaliza.

O HPS

O Hospital de Pronto Socorro, fundado em 1944, funciona 24 horas por dia, durante os sete dias da semana. No total, atende 14 especialidades médicas, como otorrinolaringologia, cirurgia plástica, cirurgia geral, medicina de emergência, cirurgia vascular, cardiologia e neurocirurgia. Quando o assunto é traumatologia ou atendimento de pessoas com queimaduras, a instituição é referência em todo o Rio Grande do Sul. 
O HPS ainda presta atendimento para pessoas que sofrem acidentes de trânsito, vítimas de ferimento por arma branca e de fogo, intoxicação ou picadas por cobra ou aranha. Além dos moradores de Porto Alegre, muitos dos pacientes da instituição vêm da Região Metropolitana, Litoral Norte e demais cidades do interior gaúcho.
Ao todo, o hospital recebe em média, entre 12 mil e 13 mil enfermos todos os meses. Desses, de 200 a 250 são casos graves, 500 a 650 moderados, e 3 mil leves. Ainda, 4 mil pacientes são encaminhados para a traumatologia, 2,7 mil para especialidades e 2,1 mil para sutura.
Contando com cerca de mil servidores e, desde sua inauguração, localizado no mesmo prédio, no largo Teodoro Herzl, no bairro Bom Fim, o HPS passará por uma reforma em breve. Nesta quinta-feira, inclusive, a direção da instituição de saúde assinou a ordem de início da reforma do telhado da edificação.
Até o final deste ano, também espera-se realizar à reforma da fachada, para, durante 2025, dar prosseguimento às obras de expansão do número de leitos do pronto-socorro.

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