Mesmo com o anúncio feito pelo governo federal durante a visita a Porto Alegre do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a conclusão de quatro alças de acesso junto à BR 290, a Freeway, ainda não têm prazo para serem retomados, de acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit/RS). A ponte do Guaíba, inaugurada em dezembro de 2020 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo o Dnit, está 97% concluída e em operação.
No canteiro central, que fica na rótula da rua Dona Teodora com a rua Voluntários da Pátria, centenas de vigas estão abandonadas na área. Em outros tempos, o local estava cheio de trabalhadores e guindastes que faziam a remoção das estruturas. Na rua João Moreira Maciel, onde funcionava o escritório utilizado pela construtora Queiroz Galvão, responsável pela obra, também estão diversas vigas que eram para ser colocadas nas alças de acesso da nova Ponte do Guaíba.
Segundo o departamento, a conclusão das obras da nova Ponte do Guaíba, bem como o reassentamento das famílias, faz parte de estudo do Ministério dos Transportes. Até o momento, conforme o DNIT foram investidos cerca de R$ 770,5 milhões na construção da nova estrutura.
Obras nas alças de acesso da nova Ponte do Guaíba ainda não tem prazo para serem retomadas. TÂNIA MEINERZ/JC
O prefeito Sebastião Melo afirma que a segunda Ponte do Guaíba é de fundamental importância porque faz a conexão com diversas regiões de Porto Alegre. "A obra inacabada, torna precário o acesso da nova travessia à zona Norte de Porto Alegre, em especial aos bairros Navegantes, Humaitá, São João, e a muitas empresas localizadas na região. "A não conclusão da obra causa um impacto social porque mais de 700 famílias que moram nas vilas Tio Zeca, Areia e Cobal precisam ser reassentadas", destaca. Conforme o prefeito, outro transtorno é urbanístico porque as estruturas das quatro alças ficam penduradas e podem, segundo Melo, causar um acidente.
De acordo com Melo, a obra inacabada representa um passivo para a mobilidade urbana de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, além de impossibilitar o acesso à moradia das famílias das vilas Tio Zeca, Areia e Cobal. O prefeito destaca que o município se coloca à disposição para auxiliar no cadastramento das pessoas que residem nas proximidades das quatro alças inacabadas e sugeriu ao Ministério Público a mediação do processo. "Os governos municipal, estadual e federal devem trabalhar em conjunto e colocamos à disposição o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) que tem experiência no cadastramento de famílias", acrescenta.
DNIT afirma que 97% dos trabalhos estão concluídos na nova Ponte do Guaíba. TÂNIA MEINERZ/JC
Com relação a declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que serão obtidos recursos financeiros para o pagamento de aluguel social para mais de 700 famílias, Melo ressalta que não é tão fácil da noite para o dia arrumar 700 aluguéis na cidade. "O governo federal não prometeu prazo para o final dos trabalhos na estrutura", comenta. O chefe do Executivo municipal disse que a prefeitura se coloca a disposição do governo federal para ajudar no processo de reassentamento das famílias. "Já se passou um ano e três meses do governo Lula e nada aconteceu na nova Ponte do Guaíba", comenta. "A conclusão da obra é importante para Porto Alegre e para economia do Rio Grande do Sul", destaca.
Em dezembro de 2020, a nova Ponte do Guaíba foi inaugurada pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e pelo governador Eduardo Leite. A obra da nova ponte do Guaíba iniciou em 2014. O Dnit estima que 50 mil veículos utilizam a nova ponte diariamente. Com 13,6 quilômetros de extensão, sendo 2,9 quilômetros só da ponte, a estrutura está liberada para tráfego no vão principal e em três das alças de acesso: uma no sentido Porto Alegre/Litoral Norte, outra no sentido Porto Alegre/Região Sul e outra da Região Sul ao Centro da Capital.
Segundo o DNIT, a estrutura está apoiada em 3.232 estacas. É composta por duas faixas de rolamento para cada sentido, cada uma com 3,8 metros de largura cada, canteiro central de 1,3 metro e acostamentos de 3,9 metros. Ao todo, foram moldadas mais de 18 mil unidades de estacas, pilares, vigas, lajes, guarda-rodas e outras que consumiram 348,7 mil toneladas de concreto e quase 19 mil toneladas de aço.