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Publicada em 21 de Março de 2024 às 01:06

Falta de testes de Covid pode prejudicar políticas públicas de saúde e combate a outras doenças, explica pesquisador

Estado está desabastecido de testes rápidos; situação deve normalizar somente no fim de março

Estado está desabastecido de testes rápidos; situação deve normalizar somente no fim de março

Giulian Serafim/PMPA/JC
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Thiago Müller
Thiago Müller
O Rio Grande do Sul enfrenta falta de testes rápidos para Covid-19, com previsão de retorno somente no fim do mês, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado. Sem a disponibilidade de testes, não há como ter informações precisas a respeito da circulação da doença. Isso impacta na contabilização de números não só de Covid-19, mas também de influenza A e Síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com sintomas parecidos. A dificuldade de se levantar números de casos positivos pode impactar o direcionamento de políticas de saúde, dimensionamento de insumos e, para o paciente, tratamento da doença.
O Rio Grande do Sul enfrenta falta de testes rápidos para Covid-19, com previsão de retorno somente no fim do mês, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado. Sem a disponibilidade de testes, não há como ter informações precisas a respeito da circulação da doença. Isso impacta na contabilização de números não só de Covid-19, mas também de influenza A e Síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com sintomas parecidos. A dificuldade de se levantar números de casos positivos pode impactar o direcionamento de políticas de saúde, dimensionamento de insumos e, para o paciente, tratamento da doença.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), embora a Covid esteja gerando um número muito mais expressivo de internações do que a gripe, foi observado a circulação simultânea desses vírus. Além disso, informou a instituição, o Rio Grande do Sul é um dos dezoito estados a apresentarem sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo.
Conforme explica o epidemiologista Paulo Petry, a falta de testes é motivo de preocupação, principalmente se levar em conta o cenário de circulação simultânea. Petry explica que, embora os sintomas sejam muito parecidos, o tratamento difere. “Se for Covid, não se usa corticoides. Se é uma gripe, o uso de corticoide ajuda a abreviar o ciclo e a evitar o agravamento do caso”.
Por outro lado, afirma o epidemiologista, não testar aumenta a subnotificação de casos, “porque, se não se testa, nós não temos estatística disso”. Esse levantamento estatístico é então utilizado para o controle sanitário dessas doenças. Mesmo com o autoteste das farmácias, Petry explica que o caso positivo não chega aos dados levantados pelo órgão público quando feito no domicílio.
Esse número de casos direciona políticas públicas. “O número subestimado indica que há menos dados do que realmente há, então vacinas, dimensionamento de leitos, de envio de medicamentos paraa  rede pública, tudo isso fica afetado pela falta de notificação adequada, esse é o grande risco”, explica Petry.
Um exemplo recente de quando esses dados foram utilizados para direcionamento de políticas ocorreu com a antecipação da campanha de vacinação contra a gripe, após detecção da circulação antecipada dos vírus da Influenza em algumas regiões do país.
Isso só foi possível com o levantamento de números de circulação da doença. “Ter o dado correto auxilia o gestor, e, sem o dado correto, isso começa a induzir a erros”, complementa.
A distribuição dos testes, por sua vez, é realizada pelo Ministério da Saúde (MS). Em nota, o Ministério destacou que, mesmo sem os testes rápidos, ainda pode ser realizado o RT-PCR, que também são distribuídos. Mesmo assim, a impossibilidade da constatação de casos e lançamento de boletins epidemiológicos foi um dos fatores que motivou o prefeito do município de Caibaté. no noroeste do Estado, a proibir eventos de aglomerações. 
A Secretaria Estadual de Saúde, por sua vez, disse não possuir informações sobre os locais que estão precisando de testes, porém relatou que o Ministério da Saúde também está desabastecido de testes rápidos.
Leia abaixo a nota do Ministério da Saúde na integra:
"Informamos que o diagnóstico laboratorial da Covid-19 poderá ser feito pelos estados com os testes RT-PCR em tempo real, que também são distribuídos pelo Ministério da Saúde.
A contratação dos kits de testagem de Covid-19 encontra-se na fase final. A previsão é que a pasta receba as primeiras entregas do fornecedor entre o final de março e o início de abril.
Acrescentamos que o Ministério recebeu uma doação de testes em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a distribuição foi realizada no mês de fevereiro a todos os estados.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) reafirma o compromisso de assegurar a disponibilidade e a eficiência das vacinas, testes e insumos relacionados ao combate à COVID-19. O PNI mantém constante diálogo com as autoridades estaduais para coordenar as estratégias e garantir o reabastecimento dos testes."

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