Segunda maior causa de morte por câncer entre mulheres com 20 a 49 anos no Brasil, o câncer de colo de útero recebe atenção especial neste mês com a campanha do Março Lilás, que busca conscientizar a população sobre os riscos e formas de prevenção. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o País deve registrar mais de 17 mil novos casos da doença no triênio 2023-2025, com uma incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.
O câncer de colo de útero é causado por uma infecção provocada pelo papilomavírus humano (HPV), responsável por mais de 200 vírus, dentre eles 12 causadores de cânceres. "A infecção pelo HPV que causa o colo de útero é da forma persistente, já que 80% da população sexualmente ativa já teve contato com algum subtipo do vírus em algum momento", explica Andreia Melo, oncologista clínica e coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Fumar, ser portador do vírus HIV, múltiplos parceiros sexuais e início precoce da vida sexual também são fatores para o desenvolvimento da enfermidade. Na maioria das vezes, os sintomas do câncer de colo do útero aparecem na fase avançada da doença. Os sinais são sangramento vaginal ou durante a relação sexual, dores na região pélvica e abdominal, alterações no funcionamento do intestino e urinário e edema nos membros inferiores.
Andreia destaca que o câncer de colo de útero pode ser rastreado, o que possibilita o diagnóstico cedo e a detecção de lesões intraepiteliais de baixo e de alto grau. O tratamento das lesões é feito com procedimentos simples, o que diminui o risco de progredirem e desenvolverem neoplasias.
No Brasil, o SUS oferece o Papanicolau, exame de rastreio recomendado para as mulheres a partir do início da atividade sexual. Recentemente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) deu voto favorável à incorporação do teste molecular para detectar o HPV por meio do exame PCR, que possibilita determinar se o vírus é de uma cepa de alto grau ou baixo risco.
O tratamento do câncer de colo de útero varia de acordo com o estágio da doença. Os mais comuns são a cirurgia e a radioterapia. Em alguns casos, é feita a retirada da lesão, mas pode ser necessário remover o útero (histerectomia). "Quanto antes o diagnóstico, mais simples o tratamento e a chance de cura. Quanto mais avançado o estágio, mais complexo o tratamento, maior o risco de recidiva da doença e a chance de mortalidade é muito alta", adverte a especialista.
Sobre a campanha do Março Lilás, a coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos da SBOC avalia que é fundamental educar e conscientizar a população sobre as medidas preventivas ao câncer do colo de útero, entre elas a vacinação e as consultas de rotina com o ginecologista. "O câncer de colo de útero é uma doença bastante prevenível, o terceiro tipo de câncer mais comum entre as brasileiras (atrás do câncer de mama e de colorretal). Precisamos trabalhar para diminuir essa incidência", afirma Andreia.