O Sindisaúde-RS, sindicato que representa os trabalhadores da saúde no estado, realizou um ato nesta quarta-feira (06), em frente ao Hospital Divina Providência, em Porto Alegre, cobrando ações de promoção à saúde mental e contra assédio moral no trabalho.
A mobilização aconteceu após uma funcionária que trabalhava no setor de higienização do hospital ter cometido suicídio no dia 25 de fevereiro. Segundo o sindicato, a funcionária relatou à entidade que já havia feito denúncias à ouvidoria do Divina Providência, após outros casos de assédio moral no ambiente de trabalho.
O Sindisaúde alega que já havia recebido outros relatos dessa natureza no hospital. Também especificou que encaminhará representação ao Ministério Público do Trabalho, exigindo investigação acerca das denúncias. Além disso, irá notificar o Sindicato dos Hospitais e Clinicas de Porto Alegre (Sindihospa).
Segundo presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jansen, o órgão havia se reunido com a gestão hospitalar no dia 10 e 11 de novembro de 2023 para tratar dos casos de assédio moral que haviam sido relatados à época no setor. Porém, não houve retorno, de acordo com Jansen.
O residente da entidade ressalta, ainda, que o setor de higienização é um setor delicado, que oferece riscos ao trabalhador e em que a tarefa deve ser realizada com atenção. O profissional necessita ter uma preparação para realizar os serviços intrínsecos da profissão, visto que não pode haver possibilidade de contaminação hospitalar. Durante o exercício de suas tarefas, o responsável “tem quantitativo de áreas que ele pode tá higienizando, e quando ele excede isso, automaticamente você já não vai ter aquela possibilidade de fazer a higienização mais adequada”, complementa Jansen.
Junto disso, segundo o presidente do órgão, há também cobranças excessivas por parte da gestão da área, acabando por ocasionar uma extenuação excessiva ao trabalhador, já relatado também pelas colegas do setor. Conta Jansen, ainda, que a trabalhadora que veio a falecer havia entrado em um processo Judicial contra sua supervisora.
Procurado pela equipe do Jornal do Comércio, o Hospital Divina Providência se manifestou somente por nota. A entidade reafirmou compromisso com os alicerces de sua missão institucional, dentre elas "cuidado à vida das pessoas, muito particularmente, às pessoas colaboradoras". A diretoria também lamentou "a maneira como o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde conduziu o tema do assédio moral, atacando nossa instituição".
De acordo com o texto, a entidade afirma que jamais compactou ou foi omissa em relação ao tema, e que há um trabalho permanente de divulgação de canais para manifestação, e políticas de capacitação e treinamento para identificar possíveis práticas de assédio. "Contamos com uma sólida estrutura para detecção e apuração de denúncias, vinculada à área da Integridade, que mesmo antes da visita dos representantes sindicais já apurava os episódios de assédio moral supostamente ocorridos. Diante de um tema tão atual, é importante que lancemos mão de novas ferramentas, que nos permitam – a todos - mitigar qualquer fato relacionado à questão em voga", afirma a nota. A versão na íntegra pode ser lida ao final desta reportagem.
Buscando ajuda
Caso um indivíduo se encontre em estado de sofrimento psíquico, pode obter ajuda buscando o Centro de Atenção Psicossocial e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde), UPA 24H, SAMU, ligando no número 192, no Pronto Socorro, em Hospitais, e no Centro de Valorização da Vida (CVV), ligando no número 188, de forma gratuita, segundo a Cartilha de Prevenção ao Suicídio do Ministério da Saúde.
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voIp 24 horas todos os dias. Também é possível realizar contato pelo site https://cvv.org.br/, ou chat, e-mail ou postos físicos do órgão.
Leia a nota da Diretoria da Sociedade Sulina Divina Providência
A Diretoria da Sociedade Sulina Divina Providência, mantenedora do Hospital Divina Providência vem a público reafirmar o seu compromisso permanente com a missão institucional, alicerçada na ética de sua governança, pautada pela transparência, responsabilidade e, sobretudo, pelo cuidado à vida das pessoas, muito particularmente, às pessoas colaboradoras.
Por esta razão, lamentamos a maneira como o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde conduziu o tema do assédio moral, atacando nossa instituição. Nosso hospital completa, em maio próximo, 55 anos de um trabalho, que tem nas pessoas um dos seus mais importantes pilares. Nossos esforços sempre se direcionam no sentido de acolhê-las, escutá-las e promover seu desenvolvimento pessoal e profissional, a fim de, entre outros resultados, buscar a melhoria contínua das relações e dos ambientes de trabalho.
O assunto vem sendo tratado de forma responsável, conforme comunicamos ao Sindisaúde ainda por ocasião de reunião presencial ocorrida em outubro de 2023. De acordo com as nossas constatações, foram e continuam sendo dados os encaminhamentos necessários para a adoção de medidas enérgicas e efetivas.
Contamos com uma sólida estrutura para detecção e apuração de denúncias, vinculada à área da Integridade, que mesmo antes da visita dos representantes sindicais já apurava os episódios de assédio moral supostamente ocorridos. Diante de um tema tão atual, é importante que lancemos mão de novas ferramentas, que nos permitam – a todos - mitigar qualquer fato relacionado à questão em voga.
Enfatizamos que jamais compactuamos, fomos coniventes ou omissos em situações desta natureza. Todas as Ocorrências são apuradas e desenvolvemos um permanente trabalho de divulgação dos canais para manifestação, além das políticas de capacitação, desenvolvimento e treinamento para identificação das práticas de assédio no ambiente de trabalho.
Reiteramos o propósito institucional do cuidado amoroso à vida, para nós, missão inegociável.