A demolição do prédio conhecido como Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, cujo cronograma deveria ser encerrado até maio, sofreu um revés ontem. O processo de desmonte, iniciado em janeiro, foi interrompido pela Superintendência Regional do Trabalho por "condições inseguras aos trabalhadores".
A demolição do prédio conhecido como Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, cujo cronograma deveria ser encerrado até maio, sofreu um revés ontem. O processo de desmonte, iniciado em janeiro, foi interrompido pela Superintendência Regional do Trabalho por "condições inseguras aos trabalhadores".
"O embargo da obra ocorreu após os Auditores Fiscais do Trabalho (AFTs) constatarem situações de Grave e Iminente Risco aos trabalhadores da Demolidora FBI LTDA, empresa contratada para executar a demolição do prédio. Entre as irregularidades encontradas destaca-se o risco de queda de altura dos trabalhadores, devido à ausência de proteção na periferia da obra, nas aberturas do piso, nas escadas de acesso coletivo e nos vãos dos poços de elevadores", diz nota enviada pela assessoria de imprensa da Superintendência Regional do Trabalho.
Os auditores também constataram a utilização de sistema com roldanas e cordas para o transporte vertical de materiais, cujo transporte estava sendo realizado pelo vão do poço do elevador. A empresa responsável pela demolição e a prefeitura de Porto Alegre já estão cientes das medidas a serem adotadas para o levantamento do embargo, complementa o texto. As medidas incluem a instalação de elevador de cremalheira para o transporte vertical de trabalhadores e materiais, além de medidas de proteção coletiva nos locais com risco de queda. Assim que a documentação solicitada for apresentada pela empresa à Superintendência Regional do Trabalho, os auditores farão nova inspeção para liberação do local.
A auditora Clarissa Stella Karam, que esteve no local, se manifestou sobre o assunto. "Não é possível aceitarmos ainda que o trabalhador da indústria da Construção Civil seja submetido a condições degradantes de Trabalho. As tecnologias evoluíram muito para podermos aceitar práticas tão rudimentares. E a mentalidade da maioria dos empresários vem mudando, não podemos retroceder", sugere.
André Flores, titular da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Porto Alegre (Smoi), explica que a Superintendência Regional do Trabalho "teve um entendimento divergente da empresa contratada". "Resolvemos acatar a sugestão deles e será feito um novo projeto", esclarece.
As divergências, conforme Flores, estavam ligadas às bandejas e telas de proteção. "Eles entendem que o correto é a proteção periférica de metal no entorno dos andares", acrescenta. O secretário acredita que deva haver algum impacto no cronograma, mas nada significativo. "Acreditamos que em pouco dias vamos retomar."
Manoel Jorge Diniz Dias, engenheiro responsável pela operação, explica que "as medidas adicionais já estão sendo providenciadas pela (Demolidora) FBI". "São providências pontuais, que devem ser incorporadas aos protocolos já previstos, e já estão sendo encaminhadas. Eventuais mudanças no cronograma serão negociadas com a prefeitura, sempre na busca da melhor prestação de serviços", acrescenta o engenheiro.