O motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, e o idoso Sérgio Camargo Kupstaitis, 71 anos, envolvidos em uma briga no bairro Rio Branco, no sábado passado (17), foram indiciados pela Polícia Civil por “lesões corporais leves”. Sérgio Camargo aplicou golpes de canivete no motoboy. Já Everton Henrique foi indiciado por atacar o idoso com pedras e desobediência aos policiais militares. O resultado da investigação foi apresentado nesta sexta-feira (23) durante entrevista coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em Porto Alegre, que contou com as presenças do secretário da Segurança Pública, Sandro Caron; do subchefe da Policia Civil, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli.
Segundo Caron, o governo do Estado se comprometeu em apurar em uma semana as conclusões do fato ocorrido no bairro Rio Branco. "Buscamos agir sem pré-julgamento. Apuramos e depois de maneira técnica emitimos uma conclusão", acrescenta.
Presente na divulgação dos resultados da sindicância, o coronel Vladimir Luís Silva da Rosa, corregedor-geral da Brigada Militar, concluiu também que não houve excessos e nem racismo na abordagem dos quatro policiais militares do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) que atenderam a ocorrência no bairro Rio Branco. "A Brigada Militar não faz pré-julgamento e nos manifestamos em cima das provas que foram apresentadas. Qualquer outra ilação isso não é jurídico. Trabalhamos com fatos", ressalta.
O coronel Cláudio dos Santos Feoli, comandante-geral, disse que a corporação foi alvo de diversos ataques e de uma condenação sumária em razão do caso. "Essa sentença de racismo sobre os policiais militares recai mais diretamente sobre um policial que é pardo que ingressou na corporação no sistema de cota racial", destaca. Segundo Feoli, a Brigada Militar foi julgada por alguns "canalhas" como despreparada e racista. "A Brigada Militar que foi julgada e condenada por alguns é a mesma que está presente em 497 municípios. É a mesma que protege a mulher agredida, que protege o idoso e acolhe crianças em situação de vulnerabilidade social", comenta. Feoli disse que a Brigada Militar não escolhe cor para abordar ou para prender, ela se atem aos fatos.
Conforme Caron, o governo do Estado não pode permitir que fatos isolados possam manchar a imagem de instituições como a Brigada Militar que é formada por 18 mil homens e mulheres honrados. "Nunca podemos permitir que fatos isolados manchem a imagem da corporação", disse o secretário da Segurança Pública sobre as acusações de racismo por parte da instituição na abordagem ao motoboy.
A sindicância da Brigada Militar concluiu que não há indícios de crime militar pelos policiais militares. Foi constatado que houve transgressão da disciplina militar por parte dos policiais do 9º BPM por não terem acompanhado o idoso, o responsável por desferir os golpes de canivete, durante seu deslocamento para pegar seus pertences no seu apartamento na rua Miguel Tostes.
Os policiais militares do 9º BPM estão em atividades administrativas na corporação e terão que apresentar suas defesas. O delegado Heraldo Chaves Guerreiro, sub chefe da Polícia Civil, disse que foi apurado apenas a briga e as lesões corporais entre o motoboy e o idoso - e nenhum momento o crime de racismo.