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Publicada em 18 de Fevereiro de 2024 às 17:19

Centenas se reúnem em Porto Alegre em ato contra racismo

O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto), em solidariedade ao motoboy agredido com uma facada em Porto Alegre

O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto), em solidariedade ao motoboy agredido com uma facada em Porto Alegre

LIVIA ARAUJO/ESPECIAL/JC
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Lívia Araújo com agências
Mais de uma centena de pessoas esteve reunida na tarde deste domingo (18), nas imediações do Parque Farroupilha, em Porto Alegre, para um ato em protesto contra o racismo. O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto). 
Mais de uma centena de pessoas esteve reunida na tarde deste domingo (18), nas imediações do Parque Farroupilha, em Porto Alegre, para um ato em protesto contra o racismo. O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais (Sindimoto). 
O evento, que reuniu políticos e ativistas, foi organizado em solidariedade ao motoboy Everton Silva, que, após ser atacado com uma faca na manhã deste sábado (17) no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, foi detido por agentes da Brigada Militar (BM) logo em seguida. O homem branco acusado de agressão também foi levado pelas autoridades. O fato foi filmado por testemunhas, que mostraram que os policiais imobilizaram Everton, enquanto o agressor permanecia livre.
Durante o ato, diversas pessoas tomaram a palavra. A deputada federal gaúcha Daiana Santos (PCdoB) disse que “não dá mais para fazer debate sobre fatos consumados. Nós precisamos nos antecipar” a atos de violência como o ocorrido no sábado. 
Outros manifestantes seguravam faixas e cartazes e entoavam palavras de ordem como “racistas, fascistas, não passarão”.
Ainda no sábado, o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) se manifestou na rede social X (antigo Twitter), pontuando que o governo estadual determinou "via Corregedoria da Brigada Militar, a abertura de sindicância para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade", afirmou o governador Eduardo Leite (PSDB), no X (antigo Twitter). Ele frisou, na postagem, sua "absoluta confiança" na corporação, e prometeu que a apuração da conduta será "célere" e "rigorosa".
O ministro Silvio Luiz de Almeida, da pasta dos Direitos Humanos e da Cidadania, afirmou que o caso mostra como o "racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes". Segundo ele, o trabalhador negro foi tratado como um criminoso. Junto a Anielle Franco, do Ministério da Igualdade Racial, pretende acompanhar as investigações. "É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas. Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional", escreveu no X.
Nas redes sociais, as testemunhas conseguiram mobilizar advogados sociais e ativistas, como o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL), que é da Bancada Negra. No sábado, o parlamentar se dirigiu ao Palácio da Polícia, conversou com Éverton, com os juristas e com algumas testemunhas. "O Éverton não apenas foi detido, como foi acusado de desacato e resistência à prisão", disse ele ao jornal Estado de S.Paulo. "Se corre sangue nas veias dele, é claro que iria resistir, pois tinha sofrido uma tentativa de homicídio minutos antes." O deputado acrescentou que Everton "ficou algemado num ferro na sala de custódia, situação vexatória. Enquanto isso, o agressor estava no lado de fora conversando com os policiais na viatura".
Segundo o parlamentar, o atendimento jurídico chegou a tempo de "evitar que ele continuasse preso". "O que foi uma hipótese aventada pelos policiais que perpetraram a prisão." As testemunhas, disse, registraram boletim de ocorrência de abuso de autoridade e racismo.
Gomes pretende levar o caso para a Comissão de Segurança Pública da Assembleia e a órgãos de controle externo das polícias, como o Ministério Público. "Infelizmente, não confio na Corregedoria da Brigada Militar, que acaba funcionando como um órgão de proteção dos policiais. Sem pressão externa à corporação, o caso não será resolvido", disse

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