Frequentemente, Porto Alegre tem sofrido com um problema: o alagamento de diversas ruas, dificultando o tráfego de pessoas e veículos, causando diversos transtornos na cidade e trazendo grandes dúvidas. Afinal, por que Porto Alegre alaga tão rápido? Qual a solução para esse questão?
A resposta é dada pelo diretor geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, e pelo professor do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Jaime Federici Gomes.
Para Gomes, a situação é complexa e não existe apenas uma explicação. "As ruas são muito pavimentadas, logo o solo não absorve a a água. Pode ser que as redes de drenagem estejam entupidas por conta de um acúmulo de lixo. Além disso, os eventos recentes mostram chuvas muito acima da média esperada, das quais as redes de esgoto não suportam", avalia.
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Outro ponto importante para a diminuição dos alagamentos são as 'bocas de lobo', também conhecidas como meio fio vazado. Trata-se de uma peça que permite que a água seja drenada até a rede de escoamento. Gomes acredita que a cidade apresenta deficiência nesta questão. "Um problema é o fato das 'bocas de lobo' de Porto Alegre serem muito pequenas e existirem em pouca quantidade. Isso dificulta que a água chegue nas tubulações", afirma o professor.
Segundo o diretor geral do Dmae, o problema do escoamento já vem sendo resolvido na medida do possível, no entanto, as questões climáticas dificultam esse processo. "O escoamento já está melhorando. Porém há um acumulo de água muito grande porque a chuva é muito forte. Então as redes não suportam essas quantidades. Estas dimensões são baseadas em cálculos das médias de chuva nos últimos anos. Então se a chuva ultrapassa essa quantidade média a rede não suporta", esclarece Loss.
Na opinião de ambos, a solução mais plausível seria substituir as tubulações atuais por maiores. Entretanto, os dois alegam que essa opção não é viável. "Para suportar essas fortes pancadas seriam necessárias outras redes. Esse é um projeto inviável por ser muito caro e demandar muito tempo. Para dobrar o tamanho da rede teria que abrir uma vala no meio da rua, seria bastante complexo", explica o diretor do Dmae.
"É um custo infinito e nem sempre vai resolver 100% do problema. Isso não quer dizer que não possam haver melhorias. As probabilidades de ocorrências mais críticas são muito baixas. A gente pode ver esses eventos daqui a 50 anos. Porém, existe uma pequena possibilidade de ocorrer ano que vem. Por ser um risco pequeno, não vale o investimento de milhões de reais", complementa o professor da Pucrs.
Gomes acredita que esse pensamento só será revisto caso haja uma grande piora na situação. "Por ser raro, o evento não justifica os investimentos capazes de resolvê-los. Agora, se envolver perdas de vidas humanas ou prejuízos muito grandes pode ser avaliado dentro da relação custo-benefício", afirma.
Desde que o Dmae acolheu o antigo DEP (Departamento de Esgotos Pluviais) em 2019, ocorreram diversos investimentos e resultados, de acordo com Loss. Entre eles estariam 23 casas de bombas pra escoamento das chuvas, R$35 milhões investidos nos últimos dois anos e mais de 450 mil metros cúbicos de resíduos retirados dos arroios. "Tivemos meses que choveu 480 mm, enquanto a média era 180mm. Então isso afeta. Precisaríamos sim estar mais avançados em melhorias de redes, mas muito já foi feito", relata o diretor geral do Dmae.