"É um dos poucos lugares em que eu consigo me expressar. É um lugar que te deixa ser quem tu é", afirma Juliano, o que bate o leque vermelho (como ele gosta de se identificar) nos dias em que assume a brincadeira com os outros 'lajudos' do Bloco da Laje. O tradicional bloco de carnaval da cidade de Porto Alegre atraiu uma multidão no fim da manhã deste domingo (7), no Parque da Redenção, para o primeiro ensaio do ano. Para Juliano, que frequenta os eventos do Bloco desde 2019, é uma "energia maravilhosa, um bloco importantíssimo para a cidade".
O movimento seguiu até o início da tarde deste domingo. Eram muitos os pontinhos vermelhos, amarelos e azuis (as cores do bloco) que pulavam e faziam uma verdadeira festa brincante, com ares teatrais, ao som de músicas já conhecidas da turma, como Recanto Africano e Deixa Brincar, e também de uma nova, produzida para a 11ª saída, que acontece no dia 28 de janeiro.
"Vamos treinar esse refrão, galera: Espalha que a gente tá aqui pra cantar o sol e não para rezar", cantou uma das vozes no microfone seguida pelo coro dos "lajudos", como são chamados os integrantes do bloco.
De acordo com a brincante/cantante e fundadora do Bloco da Laje, Martina Fröhlich, a expectativa para a saída é grande. "Já é o segundo Carnaval pós-pandemia. O retorno do bloco foi muito forte. Isso mostrou a necessidade, tanto das pessoas que brincam com a gente quanto da cidade mesmo. É um grande encontro", diz, ressaltando que o evento é democrático, acontece em espaço público e com o objetivo de ser diverso. "A brincadeira é a nossa revolução. Construímos uma cidade mais feliz e justa."
Conforme Thiago Pirajira, membro fundador do bloco, que, em 2011, realizou os primeiros ensaios e teve em 2012 sua primeira saída, cada ensaio realizado atrai cerca de 2 ou 3 mil pessoas. Para a saída de 2024, a paz será a inspiração.
"Ano passado foi o Carnaval da revanche, não no sentido bélico, mas de dar um 'troco' na pandemia, nesse tempo que ficamos isolados. Neste ano, estamos pensando na ideia de paz, não como uma ideia romântica, mas sim como a construção de um Carnaval harmônico, no caminho do bem, com diversidade, para que a saída seja divertida e leve", pondera.