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Publicada em 03 de Janeiro de 2024 às 12:28

Janeiro branco alerta para os cuidados com a saúde mental

Cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade e 11,7 milhões com depressão

Cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade e 11,7 milhões com depressão

Cookie Studio/Freepik/Divulgação/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
O Brasil ocupa as primeiras posições em dois dos principais transtornos mentais, a ansiedade e depressão. São cerca de 18,6 milhões de brasileiros diagnosticados com ansiedade e 11,7 milhões com depressão, segundo os dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Desde 2014, a campanha Janeiro Branco busca alertar sobre a importância da saúde mental e estimular a sociedade a debater sobre o tema. Neste ano, a iniciativa tem o lema “Saúde mental enquanto é tempo”. Além da ansiedade e depressão, são problemas de saúde mental o estresse, a dependência de álcool e outras drogas, demências e perturbações psicóticas, como a esquizofrenia. A psicóloga especialista em Terapia Cognitiva Fabiana Silva Costa explica que a demora para buscar um profissional adia o diagnóstico das doenças. O nível socioeconômico e as condições ruins do ambiente, como falta de segurança ou de uma boa moradia, por exemplo, também são fatores que podem desencadear uma doença mental. “Quanto maior a minha exposição à violência no ambiente onde estou inserido, pior vai ser, ou maior, a probabilidade de desenvolver um transtorno mental”, pontua. Mas, como promover a saúde mental? A psicóloga diz que, ao se falar sobre preservação ou promoção de saúde mental, deve-se começar pela saúde física. “O processamento cerebral, pensamentos e emoções se dão no nosso corpo. Ações que valem para a saúde física também valem para a mental, como poder se alimentar bem, dormir bem, praticar exercícios. O combo de saúde física também vale para a saúde mental”, garante.Fabiana salienta a relevância do cuidado com o sono, uma dificuldade da vida moderna com o grande volume de estímulos, tanto em relação à luz elétrica quanto aos dispositivos tecnológicos. Não dormir bem colabora para o surgimento de episódios depressivos e ansiosos, entre outras doenças. “Hoje ficamos o tempo todo iluminados. Para o nosso corpo e a nossa cronobiologia, isso é um problema. A gente precisa desligar, precisa do escuro”, orienta.Aliado a isso, para ter a saúde mental “em dia”, é preciso investir em relações. Segundo a especialista, esse é um dos principais fatores para promover a saúde mental. “Somos seres sociais, então é fundamental para a nossa saúde mental que a gente tenha relações de segurança”, reforça Fabiana, complementando que não se deve pensar em quantidade de pessoas, mas sim em relações de qualidade com quem se possa contar, compartilhar momentos e outras situações. Falando em compartilhar, surge o tema das redes sociais, onde o cotidiano é exposto e pode gerar reflexos negativos em quem está acompanhando as postagens. O controle das redes sociais é importante e requer uma postura crítica para absorver as informações. É comum pensar que a vida do outro, a partir do que é postado, é melhor do que a nossa, mas é preciso estar atento para não distorcer a realidade e se sentir diminuído.
O Brasil ocupa as primeiras posições em dois dos principais transtornos mentais, a ansiedade e depressão. São cerca de 18,6 milhões de brasileiros diagnosticados com ansiedade e 11,7 milhões com depressão, segundo os dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Desde 2014, a campanha Janeiro Branco busca alertar sobre a importância da saúde mental e estimular a sociedade a debater sobre o tema.

Neste ano, a iniciativa tem o lema “Saúde mental enquanto é tempo”. Além da ansiedade e depressão, são problemas de saúde mental o estresse, a dependência de álcool e outras drogas, demências e perturbações psicóticas, como a esquizofrenia.

A psicóloga especialista em Terapia Cognitiva Fabiana Silva Costa explica que a demora para buscar um profissional adia o diagnóstico das doenças. O nível socioeconômico e as condições ruins do ambiente, como falta de segurança ou de uma boa moradia, por exemplo, também são fatores que podem desencadear uma doença mental. “Quanto maior a minha exposição à violência no ambiente onde estou inserido, pior vai ser, ou maior, a probabilidade de desenvolver um transtorno mental”, pontua.

Mas, como promover a saúde mental? A psicóloga diz que, ao se falar sobre preservação ou promoção de saúde mental, deve-se começar pela saúde física. “O processamento cerebral, pensamentos e emoções se dão no nosso corpo. Ações que valem para a saúde física também valem para a mental, como poder se alimentar bem, dormir bem, praticar exercícios. O combo de saúde física também vale para a saúde mental”, garante.

Fabiana salienta a relevância do cuidado com o sono, uma dificuldade da vida moderna com o grande volume de estímulos, tanto em relação à luz elétrica quanto aos dispositivos tecnológicos. Não dormir bem colabora para o surgimento de episódios depressivos e ansiosos, entre outras doenças. “Hoje ficamos o tempo todo iluminados. Para o nosso corpo e a nossa cronobiologia, isso é um problema. A gente precisa desligar, precisa do escuro”, orienta.

Aliado a isso, para ter a saúde mental “em dia”, é preciso investir em relações. Segundo a especialista, esse é um dos principais fatores para promover a saúde mental. “Somos seres sociais, então é fundamental para a nossa saúde mental que a gente tenha relações de segurança”, reforça Fabiana, complementando que não se deve pensar em quantidade de pessoas, mas sim em relações de qualidade com quem se possa contar, compartilhar momentos e outras situações.

Falando em compartilhar, surge o tema das redes sociais, onde o cotidiano é exposto e pode gerar reflexos negativos em quem está acompanhando as postagens. O controle das redes sociais é importante e requer uma postura crítica para absorver as informações. É comum pensar que a vida do outro, a partir do que é postado, é melhor do que a nossa, mas é preciso estar atento para não distorcer a realidade e se sentir diminuído.
Sobre a iniciativa do Janeiro Branco, a psicóloga considera que todas as campanhas para a promoção da saúde são fundamentais. Dar espaço para a discussão sobre o assunto auxilia a população a entender que os problemas de saúde mental podem atingir qualquer pessoa. Também contribui para que as pessoas não sejam estigmatizadas e excluídas do convívio do demais, como ocorria antigamente, quando o doente era isolado em um hospício. “Falar de saúde mental no Janeiro Branco nos ajuda a perceber que o adoecimento mental, a dificuldade que se tem emocionalmente, é igual, muitas vezes, a do meu vizinho, a do meu colega de trabalho. Isso faz com que eu não seja diferente e ajuda a não estigmatizar”, afirma.
Fabiana faz um alerta para que as pessoas busquem profissionais realmente habilitados para o atendimento da saúde mental. “Infelizmente, o termo terapeuta é utilizado amplamente e não é exclusivo para o profissional de psicologia e psiquiatria, que são habilitados para o tratamento de saúde mental”, reforça, citando abordagens que não têm nenhuma evidência científica da eficácia na vida do indivíduo, como a Constelação Familiar e o Reiki. “Uma pessoa que oferece ou que se submete a um tratamento não validado cientificamente, ela piora a sua saúde mental”, adverte.

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