Os impactos do pós-Covid e da MPOX no Brasil são tema de seminário internacional nesta quinta (14) e sexta-feira (15) em Porto Alegre. O evento “Contribuições ao SUS e à Plataforma clínica Global da OMS – Resultados dos estudos Multicêntricos sobre casos de pós-Covid e MPOX no Brasil” tem como objetivo compartilhar as experiências no enfrentamento às duas doenças. A iniciativa é da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Hospital de Clínicas e Grupo Hospitalar Conceição (GHC).
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Referência no atendimento de infectados pela Covid-19 no Rio Grande do Sul, o Grupo Hospitalar Conceição integrou a rede colaborativa dos estudos sobre a chamada Covid longa, condição que ocorre nas pessoas 28 dias após o diagnóstico da doença ou em até 3 meses após a infecção provável ou confirmada pelo SARS-CoV-2. Fernando Anschau, médico pesquisador e coordenador do setor de Pesquisas do GHC, destaca que a rede conta hoje com mais de 200 pesquisadores de todo o Brasil.
A análise dos dados utilizou Inteligência Artificial (IA), o que proporcionou maior qualificação das informações e celeridade. “Dentro da plataforma global da OMS sobre Covid, o Brasil foi um dos principais países que levantou dados”, destaca o pesquisador do GHC.
A partir do final de 2022, a OMS solicitou o encaminhamento de pacientes acometidos durante a segunda onda da doença e que enfrentavam a Covid longa, tendo passado por internação hospitalar ou não. Segundo Anschau, os pacientes com Covid grave ou moderada tiveram cerca de 18% de sintomas após a doença. O médico explica que as manifestações foram variadas, mas as mais comuns detectadas nas análises foram a fadiga e dor muscular, déficit de atenção, ansiedade, dores de cabeça, depressão, esquecimento, falta de ar, tosse crônica e também distúrbios gastrointestinais. Entre as pessoas com Covid leve, a frequência dos sintomas foi menor, presente em 5,1%.
“Com essas informações, podemos dizer como se comportou o pós-Covid no País”, afirma. Os dados permitem identificar as características da doença e dão condições para a formatação de protocolos de assistência mais adequados. Além de avaliar o impacto da Covid-19 sobre o sistema de saúde e servir de base para o SUS no enfrentamento de futuras pandemias, a pesquisa criou a capacidade de identificar nos prontuários médicos uma maior variedade de termos na língua portuguesa, o que até então não existia.
O evento prossegue na tarde desta quinta-feira com apresentação de dados sobre a MPOX. Na sexta, haverá uma reunião da Rede Colaborativa de pesquisadores liderados pelo GHC na sede administrativa do Grupo (R. Francisco Trein, 596) onde a instituição fará uma abordagem dirigida de seus trabalhos para representantes da OPAS, OMS e Ministério da Saúde, além de visita técnica às instalações da Escola GHC e do campo de pesquisa do Grupo.