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Publicada em 06 de Dezembro de 2023 às 11:27

MapBiomas aponta que o Pampa Sul-Americano perdeu 20% de vegetação campestre

 A área pesquisada ocupa 6,1% da América do Sul, abrangendo Brasil, Argentina e Uruguai

A área pesquisada ocupa 6,1% da América do Sul, abrangendo Brasil, Argentina e Uruguai

MapBiomas/Divulgação/JC
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Agência Brasil
Análise de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2022 pelo MapBiomas Pampa constatou que a vegetação campestre do Pampa Sul-Americano sofreu uma perda de 20% no período. O bioma é composto por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai, sendo que a área brasileira equivale a 18% deste total (19,4 milhões de hectares). Mais de 66% das áreas mapeadas estão na Argentina (72 milhões de hectares) e 16% no Uruguai (17,8 milhões de hectares). O Pampa Sul-Americano ocupa 6,1% do continente. 
Análise de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2022 pelo MapBiomas Pampa constatou que a vegetação campestre do Pampa Sul-Americano sofreu uma perda de 20% no período. O bioma é composto por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai, sendo que a área brasileira equivale a 18% deste total (19,4 milhões de hectares). Mais de 66% das áreas mapeadas estão na Argentina (72 milhões de hectares) e 16% no Uruguai (17,8 milhões de hectares). O Pampa Sul-Americano ocupa 6,1% do continente. 
Segundo a rede colaborativa de especialistas dos três países, o Brasil perde 15% de florestas naturais em quase 40 anos. Os dados mostram que a vegetação nativa cobre menos da metade do Pampa (47,4%), sendo a maior parte correspondente à vegetação campestre (32% do território), que tradicionalmente é utilizada para a pecuária. No entendimento dos pesquisadores, esse é um caso singular que junta produção animal e conservação da biodiversidade "com notável sustentabilidade ambiental".

Além disso, os espaços de pecuária estão sendo convertidos à produção agrícola, pastagens plantadas ou à silvicultura, o que já ocupa quase a metade (48,4%) da região. A avaliação constatou que as áreas de agricultura e silvicultura aumentaram 15% no período. O percentual corresponde a 8,9 milhões de hectares.

Os mapas mostraram também que apesar de ter um avanço menor, a silvicultura avançou 2,1 milhões de hectares, com um aumento de 327%. A área da vegetação campestre saiu de 44 milhões de hectares em 1985 para 35 milhões de hectares em 2022. Essa vegetação é a base para a produção animal e vocação natural do bioma.

De acordo com o estudo, a perda no Brasil atingiu 2,9 milhões de hectares, que correspondem a 58 vezes a área do município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A redução, apenas no período dos 38 anos, equivale a 32% da área que existia em 1985. O uso agrícola do solo avançou 2,1 milhões de hectares, e a silvicultura, aumentou a sua extensão em mais de 720 mil hectares no período, crescimento que equivale a 1.667%. A área total ocupada pelos campos em 1985 era de 9 milhões de hectares, enquanto em 2022 não passou de 6,2 milhões de hectares.

Quando começou o período de mapeamento do Pampa, em 1985, o nível de conversão já era alto. Naquele momento, estava em 40% da região com agropecuária, silvicultura e áreas urbanas. No entanto, nos últimos 38 anos a paisagem continuou sendo modificada. O resultado é que não foi estabilizado, na região, o processo de conversão dos ambientes naturais em áreas antropizadas - locais onde as características originais são alteradas pela ocupação do homem.
A maior perda da vegetação campestre, em termos absolutos, foi da Argentina, porque tem a maior área de Pampa entre os três países. Lá, a redução ficou em 3,7 milhões de hectares, que correspondem a 182 vezes o espaço da cidade de Buenos Aires. Em 38 anos a perda é equivalente a 16% da área, que passou de 23,1 milhões de hectares em 1985, para 19,4 milhões, em 2022. No país vizinho, a causa da redução foi a expansão das áreas de agricultura e das pastagens plantadas com espécies exóticas. Na Argentina, a silvicultura cresceu 317 mil hectares entre 1985 e 2022.

No Uruguai, o efeito combinado do avanço da agricultura e da silvicultura resultou na relevante redução dos campos. Foram 2,5 milhões de hectares, ou 47 vezes a região de Montevidéu. Naquele país, o recuo é 20% na comparação com a área total de 1985.

Conforme o mapeamento, o uso agrícola do solo subiu 42% no período dos 38 anos. Saiu de 3,2 milhões de hectares para 4,5 milhões de hectares. Em termos proporcionais, a silvicultura foi a que mais expandiu sua área (748%), passando de 143 mil hectares em 1985 para 1,2 milhão de hectares em 2022. "A área de silvicultura no Uruguai já supera a área observada na região do Pampa da Argentina (775 mil ha) e do Brasil (762 mil ha)", apontou o levantamento.

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