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Publicada em 22 de Novembro de 2023 às 21:10

Região Sul já é a segunda com mais ocorrências de dengue no Brasil

Fêmea do Aedes Aegypti é a responsável pela transmissão do vírus da dengue

Fêmea do Aedes Aegypti é a responsável pela transmissão do vírus da dengue

MAURO PIMENTEL/AFP/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
O Brasil é o país com mais casos de dengue no mundo e responde por 5% dos óbitos pela doença. Até outubro, eram mais de 1,6 milhão, superando o registrado durante todo o ano de 2022, quando foram quase 1,4 milhão de registros, segundo o Ministério da Saúde. A maior incidência ocorre na região Sudeste, que teve 893 mil casos, seguida pelo Sul (383 mil), Centro-Oeste (245 mil), Nordeste (103 mil) e Norte (32 mil). Nos últimos anos, a Região Sul vem acompanhando uma escalada de casos.
O Brasil é o país com mais casos de dengue no mundo e responde por 5% dos óbitos pela doença. Até outubro, eram mais de 1,6 milhão, superando o registrado durante todo o ano de 2022, quando foram quase 1,4 milhão de registros, segundo o Ministério da Saúde. A maior incidência ocorre na região Sudeste, que teve 893 mil casos, seguida pelo Sul (383 mil), Centro-Oeste (245 mil), Nordeste (103 mil) e Norte (32 mil). Nos últimos anos, a Região Sul vem acompanhando uma escalada de casos.
"Vemos uma expansão do território onde o mosquito se adaptou, fazendo com que a população do Sul, principalmente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, passasse a ser acometida pelo vírus", explica Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, que participou na semana passada do webinar Dengue: o impacto da doença no Brasil.
Alguns motivos explicam esse "boom" da dengue rumo ao Sul e longe do Sudeste, onde a doença é uma velha conhecida dos moradores. O inverno menos rigoroso neste ano e os longos períodos de chuva são condições favoráveis para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. A fêmea do mosquito é a responsável pela transmissão do vírus da dengue e também da Zika e chikungunya.
Com o crescimento de casos no Estado, é preciso orientar a população sobre os sintomas da dengue: febre alta repentina, dor de cabeça intensa, dores abdominais fortes, no corpo e articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, coceira na pele e manchas vermelhas no corpo, náuseas, vômitos e dores abdominais. Quanto antes o diagnóstico, maiores as chances de cura, segundo a infectologista do Instituto Emílio Ribas Rosana Richtmann. "O óbito está associado à demora do diagnóstico", afirma.
A dengue possui quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DEN-V 4) que estão espalhados pelos países das Américas. Ter dengue uma vez na vida não impede que a pessoa seja infectada novamente. "Podemos ter dengue quatro vezes na vida de cada um dos sorotipos. Depois que a pessoa tem um, fica protegida dele, mas pode ter dos outros. A segunda infecção da dengue tem potencial de evolução mais grave", adverte Rosana.
 

Estado registra aumento de casos nas últimas semanas

A incidência da dengue vem apresentando um comportamento diferente em relação a outros anos no Estado. O painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde (SES) indica que, até o final da manhã desta quarta-feira (22), 68.309 notificações com 35.696 casos confirmados e 54 óbitos. Dos 497 municípios gaúchos, 466 apresentam casos de dengue, e 21 pessoas estão internadas devido à doença.
A enfermidade era considerada sazonal, mas hoje já ocorre ao longo do ano, como explica Valeska Lizzi Lagranha, bióloga especialista em saúde que atua no Programa de Arboviroses da SES. Com cerca de 12 mil casos confirmados, a Região Metropolitana da Capital lidera os registros da dengue em 2023, seguida pelas regiões de Santa Maria, Ijuí e Lajeado. "Até 2022, o Estado não estava preparado para tantos casos de dengue. Então, neste ano, talvez a rede de atendimento esteja mais sensível para captar esses casos e qualquer paciente que apresente os sintomas, ao chegar numa rede de assistência", pondera Valeska.
As enchentes frequentes que atingem o RS e as temperaturas elevadas preocupam, assim como a chegada do verão. No período de férias, as pessoas viajam e deixam as casas vazias com água em vasos, o que se torna um criadouro para o Aedes. "Usar inseticidas para combater o mosquito é só um efeito paliativo porque não elimina o criadouro", alerta a bióloga.
 

Bairros da região Leste de Porto Alegre apresentam maior incidência

Em Porto Alegre, são mais de 8,5 mil casos de dengue notificados ao longo de 2023, com 5.106 casos confirmados até setembro. Os dados constam no site da prefeitura, que disponibiliza os boletins epidemiológicos e a situação da infestação, entre outras informações.
Segundo Juliana Maciel, diretora-adjunta da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre, o pico de casos ocorreu entre fevereiro e maio, mas o inverno menos rigoroso neste ano não favoreceu a uma queda significativa da incidência. "Precisamos de temperaturas inferiores a 17°C, 18°C por no mínimo uma semana para ter a diminuição da proliferação do vetor, que é o mosquito Aedes, e não tivemos esse contexto durante o inverno. Com as temperaturas aumentando, temos a possibilidade de ter um crescimento no número de casos", salienta.
A prefeitura trabalha com ações localizadas nos territórios onde há a maior incidência de casos, principalmente na região Leste da cidade. "São locais onde vemos que há situações propícias à proliferação do mosquito porque existem problemas relacionados ao lixo, acúmulo de água, piscinas que não são tratadas", exemplifica. Uma das iniciativas envolve as visitas domiciliares para detectar os focos do mosquito.
A SMS prioriza também a identificação precoce dos casos pela rede de saúde para evitar o agravamento da doença, em especial nas crianças na população idosa e outras populações que possam ter o sistema imunológico mais deficitário.
 

Sintomas da dengue

• Febre alta
• Dor no corpo e articulações
• Dor atrás dos olhos
• Mal-estar
• Falta de apetite
• Dor de cabeça
• Manchas vermelhas no corpo
• Hemorragia em casos graves
Fonte: Instituto Butantan
 

Como evitar a proliferação do Aedes Aegypti

• Não acumular água parada em vasos de plantas, pneus e garrafas
• Manter caixas d'água fechadas
• Redobrar os cuidados nos meses de novembro a maio, já que nos períodos chuvosos são aqueles em que a doença tende a se espalhar
Fonte: Instituto Butantan
 

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