Assim como na enchente de setembro, quando o Guaíba avançou sobre a cidade, o calçadão e a avenida Guaíba começam a ficar cobertos pelas águas na manhã desta quarta-feira (22). Em vários pontos da via já há água sobre a pista, e a orla está tomada pelo lago.
Carlos Grando, mora em frente a praia há mais de 30 anos. Ele afirma que, em todos esses anos, nunca viu algo como o que vem acontecendo em 2023. "Em 2015 a água não chegou a essa altura, não tinha visto nada parecido. A minha casa fica acima do nível da calçada, por isso não sofri perdas materiais. Porém, diversos amigos que moram no Guarujá tiveram as residências invadidas", afirmou Carlos.
A água continua subindo na região, o que preocupa bastante. "Desde de manhã ela vem subindo. Às 7 horas eu vim aqui na frente e a situação não estava assim. Acredito que o vento tenha empurrado a água pra baixo. Conhecendo a região, ela ainda vai subir bastante ao longo do dia", ressaltou Grando.
O pescador Walter Bueno também se vê espantado com a situação. "Está feio. Nem imaginava que era possível acontecer isso", disse. Praticando a atividade como hobby, faz sua parte para ajudar o próximo. "Essa época de enchentes é melhor para a pesca. Normalmente, faço doações dos peixes para a vizinhança e aqueles que precisam mais", relatou Walter.
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Desde as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no fim de semana, causando inundações em várias regiões e em rios que abastecem o Guaíba, o lago atingiu o maior nível desde a enchente de 1941, quando foi a os 4,76m. Na manhã de terça-feira (21), a medição chegou a atingiu 3,46m. Nesta quarta, a água já recuou um pouco e está em 3,32m. Com a volta da chuva e a ocorrência do vento Sul, a tendência é que o nível do Guaíba suba até 50cm, de acordo com a MetSul Meteorologia.
O prefeito Sebastião Melo decretou na terça situação de emergência na cidade, pela segunda vez em três meses. Segundo o Centro Integrado de Coordenação de Serviços, 195 pessoas acolhidas em abrigos provisórios na Capital. Desde a noite do domingo (19), a Defesa Civil municipal resgatou cerca de 1830 pessoas no bairro Arquipélago, região mais afetada pela elevação do Guaíba.