Diante da maior inundação do Guaíba desde 1941, o prefeito Sebastião Melo decretou situação de emergência em Porto Alegre. Durante a manhã desta terça, o Lago atingiu 3,46m, maior marca desde os 4,76m de 1941, e obrigou a prefeitura a repetir a medida, que já havia sido tomada durante a cheia de setembro.
Após atingir o pico, o nível do Guaíba foi estabilizado graças a diminuição da vazão de seus afluentes , chegando a 3,41m por volta das 16h, índice ainda consideravelmente acima da cota de cheia. A partir desta quarta-feira, a tendência é que o Lago volte a subir devido ao vento sul, capaz de represar o corpo hídrico e elevar seu nível em até 50cm, de acordo com a MetSul Meteorologia.
Como é comum em momentos de enchente na Capital, o Bairro Arquipélago permanece como a área mais impactada. Devido às inundações, todas as escolas e postos de saúde da região permaneceram fechados ao longo do dia, e o abastecimento de água seguiu comprometido devido ao alagamento da Estação de Tratamento local.
Com as ruas completamente inundadas e o lago invadindo as casas, os moradores das Ilhas também representam a maioria entre os acolhidos pela FASC, que, além de operar no Ginásio do Demhab, passou a atender na sede do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) e na Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia.
Segundo informações da Defesa Civil, até o final da tarde desta terça-feira, pelo menos 139 pessoas estavam abrigadas na rede emergencial da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), enquanto outras 920 foram deslocadas de suas residências desde que o nível do lago ultrapassou a cota de inundação.
O 4° Distrito e o Bairro Navegantes também apresentam situação alarmante, devido ao refluxo da rede pluvial. O quadro foi agravado na madrugada desta terça após uma falha na comporta de número 13 do Cais Mauá, onde uma chapa de aço foi danificada com a força da água e fez com que uma casa de bombas precisasse ser desativada.
Isso prejudicou o escoamento, principalmente na rua Voluntários da Pátria. A orientação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) é de que a população minimize os deslocamentos nessas regiões até o recuo do Guaíba.
Outro ponto fortemente afetado pela enchente é o Bairro Praia de Belas, onde alguns trechos já se encontram intransitáveis. No total, a EPTC registra 15 pontos de acúmulo de água, em razão da elevação do nível do Guaíba. Destes, dez causam o bloqueio total da via - a maior parte deles no 4º Distrito - e dois ocasionam bloqueios parciais.
Visando auxiliar os usuários de trem, está sendo oferecida uma operação especial de ônibus para atender os passageiros entre as estações Farrapos e Mercado, que seguem fechadas. A passagem é custeada pela própria Trensurb.
Antes de decretar a situação de emergência na Capital, o prefeito Sebastião Melo sobrevoou a cidade, lamentando a situação, principalmente, do Bairro Arquipélago.
“Nossa maior preocupação neste momento é com a situação das Ilhas. Passamos pela região agora e é muito doloroso ver que não há uma casa que não esteja abaixo d’água e que a previsão é de que não haja melhora pelo menos nos próximos cinco dias”, declarou o prefeito.
O documento, válido para as regiões do município comprovadamente atingidas em razão das fortes chuvas que impactam o Estado desde 19 de novembro, elimina a necessidade de licitação para contrato de aquisição de bens, prestação de serviços e obras relacionadas à resposta ao desastre ou com a reabilitação dos cenários da cidade, desde que possam ser concluídos na vigência do decreto.
Também estão autorizadas medidas como a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob gerenciamento da Coordenação de Defesa Civil (CDC), convocação de voluntários para reforçar ações e realização de campanha para arrecadação de recursos.