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Publicada em 20 de Novembro de 2023 às 18:40

Com maior cheia desde 1941, Guaíba invade Porto Alegre

Armazéns do Cais do Porto foram tomados pela água e as comportas foram fechadas

Armazéns do Cais do Porto foram tomados pela água e as comportas foram fechadas

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabriel Margonar
Apenas cerca de 50 dias após a cheia de setembro, Porto Alegre chegou a outro marco histórico, com as águas do Guaíba atingindo níveis não vistos desde a grande enchente de 1941. Às 17h desta segunda-feira, o Lago alcançou 3,30m no Cais Mauá, resultando na invasão do Centro, inundação da região das Ilhas e na interrupção de vários serviços na Capital.
Apenas cerca de 50 dias após a cheia de setembro, Porto Alegre chegou a outro marco histórico, com as águas do Guaíba atingindo níveis não vistos desde a grande enchente de 1941. Às 17h desta segunda-feira, o Lago alcançou 3,30m no Cais Mauá, resultando na invasão do Centro, inundação da região das Ilhas e na interrupção de vários serviços na Capital.
De acordo com a MetSul Meteorologia, a nova cheia é uma consequência das enchentes em seus afluentes, sendo que três deles - Taquari, Caí e Sinos – também estão atingindo proporções históricas. Todos os rios que desembocam no principal corpo hídrico gaúcho apresentam cheias causadas pelas chuvas da última semana.
Desde a enchente de 1941, o Guaíba havia ultrapassado a cota de inundação (3m) em apenas duas ocasiões: setembro de 1967, atingindo 3,13 metros, e na recente enchente de setembro de 2023, registrando 3,18 metros. A medida atual, em 3,26m, é classificado pela MetSul como "espantosa, notável e extraordinária", especialmente porque em nenhum momento nas últimas oito décadas o lago havia alcançado marcas tão altas quanto em setembro e, agora, novembro de 2023.
Com essa elevação, o bairro Arquipélago, um dos pontos mais vulneráveis da Capital, revive o pesadelo de dois meses atrás, com ruas alagadas, casas submersas e a necessidade de botes para a locomoção dos moradores. Escolas e postos de saúde da região também não operaram nesta segunda-feira, e o abastecimento de água foi comprometido devido ao alagamento da Estação de Tratamento, que também está sem energia elétrica. Moradores estão sendo abastecidos por carros-pipa.
Os desabrigados encontraram acolhimento temporário no Ginásio do Demhab, onde 35 pessoas estavam acolhidas até o final da tarde desta segunda. No total, pelo menos 107 pessoas foram retiradas das suas casas com o auxílio da Defesa Civil, sendo 75 adultos e 32 crianças.
Além das Ilhas, já historicamente afetadas por enchentes, o Guaíba também invadiu outras áreas da Capital, incluindo o Centro e o Quarto Distrito. Bairros como Praia de Belas e trechos da Avenida Voluntários da Pátria foram inundados pelo refluxo do Guaíba pela rede pluvial.
Com os armazéns do Cais do Porto tomados pela água, o Guaíba só não atingiu a Avenida Mauá devido ao fechamento das comportas. Esta foi a segunda vez no ano em que o sistema de contenção de cheias foi acionado pela prefeitura da Capital. Antes, a última utilização havia sido em 2015.
A enchente também afetou as operações do Trensurb. Devido ao alagamento da via entre as Estações São Pedro e Farrapos, os trens de Porto Alegre circularam somente entre a Estação Farrapos e Novo Hamburgo e as Estações Mercado, Rodoviária e São Pedro permaneceram fechadas ao longo do dia.
Outra opção de transporte paralisada é o Catamarã. Na manhã desta segunda, inclusive, uma embarcação, empurrada pela força da água, colidiu com um muro junto ao Cais Mauá, mas, por sorte, sem passageiros a bordo. Apenas os tripulantes estavam dentro do veículo e ninguém se feriu.
Apesar de já vivenciarmos um marco histórico, segundo a MetSul, a tendência é que o Guaíba continue subindo nos próximos dias. Isso se dá devido ao contínuo aumento do nível de seus afluentes, em conjunto com o padrão dos ventos.
No começo desta semana, eles até estarão favoráveis ao escoamento das águas do Guaíba para a Lagoa dos Patos, mas entre quarta e sábado se espera vento do quadrante Sul, que deve represar o lago. De acordo com a empresa de meteorologia, esse tipo de represamento tem potencial para elevar o nível do Guaíba em até 50 centímetros, tornando o cenário ainda mais alarmante.
Maiores enchentes em Porto Alegre desde 1941
1 – 4,76 metros: enchente de abril e maio de 1941
2 – 3,30 metros (parcial): enchente de novembro de 2023
3 – 3,18 metros: enchente de setembro de 2023
4 – 3,13 metros: enchente de setembro de 1967
5 – 2,97 metros: enchente de outubro de 2015

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