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Publicada em 14 de Novembro de 2023 às 15:28

Tuberculose: por que o ‘mal dos poetas’ ainda causa mortes?

Isis era modelo e atriz e morreu no domingo aos 22 anos vítima de uma tuberculose

Isis era modelo e atriz e morreu no domingo aos 22 anos vítima de uma tuberculose

Reprodução/Instagram/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
A morte da modelo e atriz Isis Freitas no domingo (12) aos 22 anos em decorrência de uma tuberculose provocou comoção nas redes sociais e reacende a preocupação com a doença. Conhecida como "peste branca" ou "mal dos poetas", a tuberculose foi a causa da morte de importantes nomes da literatura e música brasileira do passado como Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Casimiro de Abreu e Noel Rosa, entre milhares de outras vítimas no século XIX.
A morte da modelo e atriz Isis Freitas no domingo (12) aos 22 anos em decorrência de uma tuberculose provocou comoção nas redes sociais e reacende a preocupação com a doença. Conhecida como "peste branca" ou "mal dos poetas", a tuberculose foi a causa da morte de importantes nomes da literatura e música brasileira do passado como Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Casimiro de Abreu e Noel Rosa, entre milhares de outras vítimas no século XIX.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Luiz Carlos Corrêa da Silva, médico pneumologista do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Porto Alegre, explica que a tuberculose se propaga pelo contágio humano: uma pessoa doente, principalmente ainda não em tratamento, ao tossir ou espirrar elimina partículas e micro gotículas que podem conter o bacilo. Essas gotículas ficam em suspensão no ar e ao serem inaladas por outra pessoa podem desencadear o contágio. “Apenas 10% de quem se contagia vai desenvolver a doença em período de até dois anos. Depois desse período, a chance de desenvolver é mínima”, esclarece.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose no mundo todos os anos, com mais de dois milhões de óbitos anuais. No Brasil, o número de casos novos é de aproximadamente 70 mil casos novos a cada ano, com 4,5 mil mortes causadas pela tuberculose. O pneumologista destaca que, embora os avanços no tratamento da doença, mesmo assim a cadeia de contágio persiste, o que favorece os casos, principalmente nos países mais pobres, como na África e na Ásia.
A tuberculose tem tratamento, que consiste na ingestão de quatro medicamentos pelo período de seis meses: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Mas para o tratamento ser eficaz, Corrêa da Silva ressalta a importância do doente tomar os remédios regularmente pelo tempo recomendado. A medicação é distribuída gratuitamente no SUS, que dispõe também dos recursos para o diagnóstico e profissionais capacitados para prestar o atendimento à população nos postos de saúde.
“A tuberculose não deveria existir mais, mas persiste porque muitas pessoas se contagiam e não ficam doentes mas ficam com o bacilo nas células. Em algum momento em que haja uma deficiência imunológica, o bacilo pode se reproduzir”, explica o médico. É o caso de pessoas com HIV, em tratamento para câncer, quimioterapia, imunoterapia, ou que usam corticoide em altas doses por muito tempo, situações que facilitam o desenvolvimento de certas infecções, entre elas a tuberculose. “A tuberculose é uma doença do passado que permanece no presente e seguirá no futuro. Olhando para o horizonte não vemos ainda um fim para essa doença que maltrata a humanidade”, conclui o especialista.

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