Sob a persistente influência do fenômeno El Niño, o Rio Grande do Sul se prepara para um verão atípico, caracterizado principalmente por períodos mais prolongados de chuva. Desde o início de 2023, esse padrão meteorológico tem impactado o Estado, provocando episódios persistentes de chuvas, alagamentos e variações na temperatura. Até o final deste mês, o tempo seguirá chuvoso em todas as regiões do Estado.
O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre a cada dois ou sete anos, caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico. Segundo Cátia Valente, meteorologista do Climatempo, esse aquecimento "altera a circulação atmosférica e, portanto, influencia todas as estações do ano em todo o mundo". Valente destaca que nos últimos anos o Rio Grande do Sul havia sido influenciado pelo "La Niña", fenômeno que favorecia a estiagem e as secas, atuando de forma oposta ao El Niño.
O fenômeno retornou ao Brasil em 2023 após três anos e, de acordo com Estael Sias, meteorologista da MetSul, os anos em que ele afeta o país geralmente são mais chuvosos, com uma alta frequência de temporais. Ela ressalta que as consequências dependem de sua intensidade. "Quanto mais intenso o fenômeno, maior será o volume de precipitação, podendo gerar muitas inundações como as que temos visto durante este ano".
Com a tendência de que esse padrão meteorológico persista até meados de março de 2024, Estael prevê um verão diferente, com precipitação acima do habitual. "Aqui no estado, o comportamento da chuva durante esta estação costuma ser caracterizado por pancadas fortes e isoladas. No próximo ano, porém, a tendência é que ela seja mais frequente, duradoura e intensa que o normal, fugindo totalmente do padrão", completa.
Enquanto o verão não chega, a primavera gaúcha também está sendo distinta. Somente no último final de semana, o volume de chuvas na capital superou a média histórica do mês de novembro e, durante esse período de transição de estações, que durará até o dia 22 de dezembro, o tempo seguirá instável, com curtos intervalos de tempo seco seguidos por grandes episódios de precipitação.
O grande receio dos meteorologistas está na possibilidade do surgimento de um Super El Niño, com potencial ainda mais devastador. O período mais intenso do fenômeno deverá ocorrer entre dezembro deste ano e janeiro de 2024.
Além das chuvas no Rio Grande do Sul, esse padrão meteorológico também está afetando outros estados brasileiros. Durante a semana, são previstas temperaturas recordes no Sudeste e Centro-Oeste, resultantes de uma forte onda de calor e uma massa de ar extremamente seca.