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Publicada em 09 de Novembro de 2023 às 01:25

Alta nos casos de câncer de próstata está ligada ao envelhecimento

Uso robótico em cirurgias dá maior precisão e melhora os resultados

Uso robótico em cirurgias dá maior precisão e melhora os resultados

/Nicole Rosa da Silva/Santa Casa de Porto Alegre/Divulgação/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
O câncer de próstata é o segundo tipo da doença entre homens no Brasil e deve somar 71.730 casos no triênio de 2023 a 2025, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Levantamento do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) a partir de números coletados na base do Datasus mostram o aumento de casos no ano passado. No Rio Grande do Sul, foram 2.190 diagnósticos da doença em 2021 e 2.594 em 2022.
O câncer de próstata é o segundo tipo da doença entre homens no Brasil e deve somar 71.730 casos no triênio de 2023 a 2025, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Levantamento do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) a partir de números coletados na base do Datasus mostram o aumento de casos no ano passado. No Rio Grande do Sul, foram 2.190 diagnósticos da doença em 2021 e 2.594 em 2022.
Um dos fatores que influencia a maior incidência é a alta da expectativa de vida, uma vez que o câncer de próstata é mais comum em homens a partir dos 65 anos. "Vimos um aumento significativo em todos os estados do País. Isso está associado ao aumento da faixa etária da população e também a hábitos de vida", destaca Gustavo Guimarães, oncologista e diretor do IUCR.
Entre os hábitos do cotidiano que favorecem o surgimento da doença estão fumar, ter uma alimentação com ingestão de muita proteína animal, rica em gorduras e pobre em frutas e verduras, ser obeso e sedentário. "A proteína animal em excesso e o sedentarismo contribuem de forma sobremaneira para o aumento dos casos e também na gravidade deles", alerta Guimarães.
A recomendação é que os exames sejam feitos a partir dos 50 anos para a população em geral. Para os homens com histórico familiar da doença e também os da raça negra, a indicação é que os exames sejam feitos antes, a partir dos 45 anos. O diagnóstico é feito a partir do exame de toque retal e do exame PSA - Antígeno Prostático Específico (PSA), proteína produzida pela próstata, seguidos de biópsia para confirmar o câncer.
O especialista diz que já é possível perceber uma maior procura dos homens pelos exames, mas ainda há os que adiam a ida ao médico. "Ainda há muito preconceito e os homens acabam deixando para fazer o exame depois. Vemos isso em dados de registros hospitalares em que um terço dos homens já têm diagnóstico de tumores em estágios avançados", ressalta.
O câncer de próstata é assintomático nas fases iniciais, e quando surgem os sintomas geralmente a doença está avançada. Dessa forma, o diagnóstico precoce é essencial e possibilita melhores opções de tratamento. "A descoberta precoce salva vidas em todos os tumores. Quanto mais precoce, você tem mais opções de tratamento, menos efeitos colaterais e melhores resultados", afirma.
Com o intuito de reforçar essa orientação e dentro do Novembro Azul, mês mundial de campanha de conscientização do câncer de próstata, o Instituto de Urologia lançou a campanha "Só um toque, man"!, convocando os homens a aderirem à prevenção, diagnóstico precoce e cuidados gerais com a saúde. "Os homens devem ter a consciência de que precisam ser protagonistas das suas histórias porque assim terão mais qualidade e tempo de vida. Devem procurar um médico para entender todas as questões envolvidas na saúde, desde o diagnóstico até a terapia, se for o caso", orienta Guimarães.
 

Utilização da robótica reduz risco de efeitos colaterais na cirurgia

Nos casos em que o diagnóstico de câncer de próstata é confirmado, os últimos anos trouxeram avanços no tratamento. A cirurgia tradicional realizada a cerca de 15 anos evoluiu para um formato menos invasivo e, atualmente, o uso da tecnologia melhora ainda mais os resultados.
"Estamos em um cenário mais adiantado com a técnica da robótica usada com equipamento de última geração aqui na Santa Casa, que permite fazer uma cirurgia mais detalhada, com visibilidade melhor e reduzindo assim os eventos e efeitos colaterais dos tratamentos", explica Ernani Rhoden, urologista chefe do Serviço de Urologia da Santa Casa de Porto Alegre.
De acordo com o especialista, a taxa de curabilidade com a utilização da robótica e das demais técnicas é similar, mas a tecnologia traz ganhos na redução dos efeitos colaterais decorrentes da cirurgia, que são o risco de incontinência urinária e disfunção erétil.
O médico destaca os avanços também no campo medicamentoso, empregados quando a doença já está avançada ou metastática, em casos que a cirurgia ou a terapia não consegue oferecer um tratamento com intenção curativa dos pacientes. "Vemos uma seara muito grande de novos medicamentos que foram surgindo nesses últimos anos, principalmente pelo investimento da indústria farmacêutica. O câncer de próstata passou a ser uma doença altamente de interesse da comunidade médica tendo em vista a sua alta prevalência", afirma.
O chefe do Serviço de Urologia da Santa Casa endossa o coro pela importância dos homens cuidarem da saúde. "O Novembro Azul veio justamente para o público masculino que ainda tem uma certa resistência em procurar os serviços de saúde e faz quando já está doente. É um comportamento diferente ao da mulher, que vai ao médico com mais frequência. Isso precisa ser modificado, os homens devem ir ao médico mais vezes", reforça.
 

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